O governo da Argentina afirmou nesta segunda-feira (4) suspeitar de corrupção no processo de reparação do submarino ARA San Juan, desaparecido há 20 dias, durante o mandato da ex-presidente Cristina Kirchner.
ARA San Juan
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“Houve uma denúncia por corrupção que foi arquivada sem ser investigada e dava conta de algumas anomalias que existiam. O que pude comprovar é que tinha de ser consertado em dois anos e demorou cinco”, afirmou o ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad, em entrevista ao canal TN.
Na primeira entrevista desde que o ARA San Juan desapareceu no Atlântico sul, com 44 tripulantes a bordo, no dia 15 de novembro, Oscar Aguad indicou existirem relatórios de auditoria afirmando que os materiais utilizados durante a reparação de “meia-idade” do submarino, entre 2008 e 2014, não foram “da qualidade exigida”.
Além disso, segundo o ministro, também há informações reportando “outra série de anomalias”, como preços inflacionados, “que teriam de ser investigados”.
Apesar de não haver “provas claras”, existem “suspeitas” de irregularidades, garantiu Oscar Aguad, referindo-se ao processo de manutenção do submarino, que foi construído na Alemanha e incorporado na Marinha argentina em 1985.
Mesmo assim, o ministro do governo de Mauricio Macri reconheceu que os trabalhos de conservação do submarino foram feitos.
“A corrupção tem a ver com os preços inflacionados, mas os trabalhos foram feitos. Acredito que são duas coisas distintas, mas tem que se investigar”, realçou Aguad.
Para ele, o problema das Forças Armadas da Argentina é que durante 34 anos foram “estigmatizadas” pela repressão por parte do Estado argentino durante as ditaduras e pela guerra das Malvinas contra o Reino Unido, em 1982.
Neste sentido, ele defendeu que, durante o governo de Cristina Kirchner, a política da Defesa era “estigmatizar as Forças Armadas e baixar o salário dos militares”.
O submarino informou sua localização e se comunicou, pela última vez, com a base no Mar da Prata, há duas semanas. Segundo a investigação, poucas horas depois ocorreu uma “explosão“.
Questionado sobre se, em 13 de novembro, o submarino zarpou do porto de Ushuaia em perfeito estado, Aguad afirmou que “as evidências dizem que sim”.
No entanto, ele afirmou que um dos aspectos que a justiça deve investigar é se houve erros por parte da Marinha, pois na noite anterior, ao comunicar a localização pela última vez, o comandante do submarino alertou os superiores que tinha entrado água no compartimento das baterias e ocorrido um princípio de incêndio.
O problema, segundo a Marinha, foi solucionado, tanto que o próprio comandante decidiu continuar viagem. “É motivo de investigação. Determinar se o defeito era grave ou não. Eu também confio no capitão, todo mundo fala da sua experiência”, argumentou o ministro.
Aguad relatou ainda que, há algum tempo, o ARA San Juan teve um “incidente similar” de infiltração de água.
“Com a diferença de que nesse caso a água não chegou às baterias“, destacou, para explicar que o comandante “deu conta” do problema e pediu que a questão fosse resolvida quando o submarino fosse submetido a reparações no primeiro semestre de 2018.
Prosseguem intensas buscas pelo submarino, com a ajuda de países como os Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, em uma zona do oceano Atlântico em que várias agências internacionais registraram a ocorrência de uma explosão horas depois do desaparecimento do submarino, perto de onde se perdeu o contato.
“O que teria acontecido com o submarino? Essa é a incógnita. O ruído que se ouviu foi a explosão de hidrogênio ou foi o colapso do barco quando estava caindo? Não saberemos enquanto não o encontrarmos”, sustentou Aguad.
Há cinco dias, a Marinha argentina anunciou que a busca continuaria, embora tenha descartado a possibilidade de resgatar os tripulantes, considerando não haver chances de terem sobrevivido, o que desencadeou a indignação por parte dos familiares, que exigiram ao governo de Macri o resgate da tripulação do submarino.
O ministro explicou que o prazo de busca e resgate expirou porque, assim, determinam as normas internacionais, e assumiu que todos os tripulantes morreram, ao recordar que “as condições do ambiente extremo” no fundo do mar durante tanto tempo são incompatíveis com a existência da vida humana.
Ciberia // ZAP