O governo da Suécia está preparando a sua população para a eventualidade de uma guerra ou de algum tipo de catástrofe natural, ataque terrorista ou ciberataque assolar o país. Uma iniciativa preventiva, mas que pode ser um sinal de uma preocupação real.
As autoridades suecas vão distribuir uma revista com 20 páginas por 4,8 milhões de casas, abrangendo cerca de 10 milhões de pessoas, com o intuito de ensiná-las o que devem fazer perante situações de crise extrema, como uma guerra, catástrofes naturais, ciberataques ou terrorismo.
Esse folheto informativo será enviado entre 28 de maio e 3 de junho, e será distribuído em 13 idiomas diferentes, incluindo árabe, persa, russo e somali.
“Mesmo que a Suécia seja mais segura que muitos outros países, as ameaças à nossa segurança e independência existem”, diz na revista intitulada “Se a crise ou a guerra chegarem” (“Om krisen eller kriget kommer”, na versão original em sueco).
Durante a Segunda Guerra Mundial, foram distribuídos panfletos semelhantes, apesar de a Suécia ter se mantido afastada do conflito.
A revista que será distribuída agora explica como assegurar comida, água e aquecimento em caso de guerra ou catástrofe, ou como resolver problemas como a falta de dinheiro nos caixas eletrônicos e o fato de internet e celulares não funcionarem.
Inclui “dicas” para reservar água em garrafas, roupas quentes e sacos de dormir, bem como para ter uma reserva de comida não perecível que possam ser “preparadas rapidamente, com pouca água ou que possam ser comidas sem preparação”.
Além disso, também alerta que em caso de guerra, qualquer pessoa, com idade entre 16 e 70 anos, pode ser convocada para dar seu contributo.
Por outro lado, refere os riscos de uma “ciberguerra”, avisando que é preciso confirmar as fontes de informação porque já há “estados e organizações tentando influenciar nossos valores e a forma como agimos”.
Embora a Rússia não seja citada no documento, aquela parece ser uma nota claramente dirigida ao país de Vladimir Putin, que teria influenciado os resultados das eleições nos EUA, de modo a eleger Donald Trump, e o referendo do Brexit, através de ações pela internet.
Em dezembro de 2017, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas do Reino Unido, Stuart Peach, chegou a alertar para o receio de que a Rússia corte a internet mundial, danificando os cabos submarinos por onde passam 97% das comunicações globais.
A Suécia tem discutido a possibilidade de aderir à Otan, numa época em que se especula que a Rússia poderia entrar numa guerra de grande escala contra a entidade.
Após a anexação da Crimeia por parte da Rússia, em 2014, foram intensificadas as preocupações suecas com a segurança interna, até porque submarinos e aviões russos levaram a cabo incursões não autorizadas no espaço aéreo e nas águas territoriais do país nórdico.
Após anos de cortes orçamentais na área da Defesa, em um país que não vive um conflito armado há cerca de dois séculos, a Suécia reintroduziu recentemente o serviço militar obrigatório, sete anos depois da sua supressão.
Ciberia // ZAP