As aranhas voam, num comportamento conhecido como “balonismo”. Agora, uma equipe de cientistas chegou à conclusão que os campos elétricos podem não só desencadear o fenômeno como também fornecer sustentação às aranhas no ar.
Sim, as aranhas voam. Quando chove, esses animais sentem vontade de migrar e, para isso, usam o vento e sua seda em um comportamento conhecido como “balonismo“.
Esse comportamento já era conhecido, mas um estudo recente, publicado esta semana na Current Biology, fez uma descoberta incrível: os campos elétricos podem não só desencadear o fenômeno como também fornecer sustentação às aranhas no ar, mesmo sem qualquer brisa.
“Esses artrópodes sem asas já foram encontrados a 4 quilômetros de altura, vagando por centenas de quilômetros”, afirmam os cientistas Erica Morley e Daniel Robert, da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Por isso, sim, as aranhas voam.
Morley e Robert sugerem agora que as aranhas viajam tantos quilômetros através do gradiente de potencial elétrico atmosférico (GPA), um circuito elétrico entre a Terra e a ionosfera (a parte da atmosfera superior do planeta que é ionizada pela radiação solar). As tempestades são uma espécie de bateria para o GPA.
A ideia de que o balonismo das aranhas é causado por esse circuito foi levantada, pela primeira vez, nos anos 1800 por Charles Darwin, enquanto o cientista observava centenas de aranhas pousando no mar do canal de Beagle, em um dia calmo. Eventualmente, a hipótese acabou descartada sem sequer ser testada.
Em 2013, o tema voltou à tona, quando um grupo de pesquisadores apresentou a teoria de que os campos elétricos poderiam configurar parte da estratégia do balonismo das aranhas. A teoria despertou o interesse de Morley e Robert, que decidiram testar se esses animais respondiam mesmo aos campos elétricos.
Assim, os cientistas isolaram aranhas Erigone em um ambiente sem qualquer estímulo, como movimento do ar ou eletricidade atmosférica. Nele, acionaram um campo elétrico artificial para poderem observar se, de fato, acontecia alguma coisa.
E algo se comprovou: as aranhas ficaram em posição de balonismo quando o campo estava ligado, e as forças eletrostáticas do campo eram suficientes para alimentar o fenômeno. Quando desligavam o campo elétrico, os cientistas viam as aranhas apenas deslizando.
Os tricobótricos são os pelos sensoriais das aranhas, que se movem em resposta a campos elétricos. Os cientistas acreditam que esses pelos são essenciais e permitem que detectem o GPA. “Ainda não sabemos se os campos elétricos são necessários para permitir o balonismo. Sabemos, no entanto, que são suficientes”, explicou Morley.
Até agora, os cientistas pensavam que o mais provável é que os animais usam combinações de fatores para realizar o balonismo, como a combinação do vento e do GPA. O vídeo acima mostra alguns exemplos do gênero.
Ciberia // HypeScience / ZAP