Uma nova pesquisa da Universidade de Michigan (EUA) afirmou que uma estrela de movimento rápido – também chamada de estrela de hipervelocidade – pode ter sido ejetada do disco estelar da Via Láctea.
Anteriormente, os astrônomos acreditavam que tais estrelas só poderiam ter sido ejetadas do centro da galáxia, após passar perto do buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea. Esta pode ter sido lançada em velocidade por um agrupamento de estrelas massivas jovens ou por um buraco negro de massa intermediária.
“Esta descoberta muda drasticamente a nossa visão sobre a origem das estrelas que se movem rapidamente”, disse Monica Valluri, do Departamento de Astronomia da Universidade de Michigan.
“O fato de que a trajetória dessa estrela maciça se origina no disco e não no centro da galáxia indica que os ambientes muito extremos necessários para ejetar estrelas hipervelozes podem surgir em outros lugares que não em buracos negros supermassivos”.
Estrelas de hipervelocidade
A Via Láctea contém dezenas de bilhões de estrelas, a maioria das quais são distribuídas em uma estrutura semelhante a uma pizza chamada disco estelar.
Em 2005, os astrônomos descobriram estrelas hipervelozes, objetos que se movem duas vezes mais rápido que a maioria das outras – cerca de 500 quilômetros por segundo, enquanto estrelas se movem em média a pouco mais de 200 km/seg.
Menos de 30 dessas estrelas extremamente rápidas foram descobertas até agora. Os astrônomos teorizavam que, para produzir este tipo de velocidade, estrelas binárias precisariam passar muito perto de um buraco negro supermassivo – uma seria capturada, e a outra lançada em um “estilingue gravitacional”.
Como há evidências de que há um buraco supermassivo no centro da Via Láctea, muitos cientistas creem que a maioria das estrelas de hipervelocidade foi ejetada desse ponto.
LAMOST-HVS1
Valluri e seu colega de pós-doutorado Kohei Hattori decidiram estudar a trajetória de LAMOST-HVS1, uma enorme estrela em movimento rápido que está mais próxima do sol do que qualquer outra já descoberta, para identificar de onde foi ejetada.
Para isso, utilizaram dados do Telescópio Gigante de Magalhães, no Chile, e da Missão Espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia. Com a localização e a velocidade atuais da estrela, os astrônomos conseguiram rastrear seu caminho, ou órbita. Para sua surpresa, parece que a estrela foi ejetada do disco estelar, e não do centro da Via Láctea.
Os pesquisadores ponderam que a ejeção dessa estrela massiva do disco estelar pode ser o resultado de um encontro próximo com um aglomerado estelar ou um buraco negro de massa intermediária em um aglomerado estelar.
Possibilidades
Os cientistas conhecem estrelas “fugitivas” que foram ejetadas de aglomerados estelares, com velocidade de 40 a 100 km/s. No entanto, nenhuma foi observada com a extrema velocidade de ejeção necessária para explicar a LAMOST -HVS1.
Modelos teóricos de colisões com aglomerados estelares produzem muito raramente velocidades tão extremas, o que sugere uma possibilidade mais exótica: um buraco negro de massa intermediária.
O caminho computado da estrela se origina em um local no braço espiral Norma que não está associado a aglomerados estelares maciços previamente conhecidos. No entanto, se esse aglomerado estelar hipotético existir, ele pode estar oculto atrás da poeira no disco estelar. Se for encontrado, proporcionará a primeira oportunidade de descobrir diretamente um buraco negro de massa intermediária na Via Láctea.
Há mais delas por aí?
O fato de que esta estrela pode ter sido ejetada de um aglomerado massivo no disco estelar sugere a possibilidade de que muitas outras estrelas hipervelozes existam.
Tanto a Via Láctea quanto a Grande Nuvem de Magalhães são conhecidas por terem aglomerados estelares massivos que podem ser importantes ejetores dessas estrelas de movimento rápido.
Isso também pode levar a novas descobertas sobre as interações das estrelas e a possível formação de buracos negros de massa intermediária em aglomerados estelares. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Astrophysical Journal.
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