O aguardado relatório do procurador especial Robert Mueller concluiu que não há indícios de que Donald Trump ou algum membro da sua campanha presidencial tenha conspirado com as autoridades russas nas eleições americanas de 2016, segundo um resumo divulgado neste domingo (24/03) pelo procurador-geral do país, William Barr.
“A investigação do procurador especial não concluiu que a campanha de Trump ou qualquer pessoa associada a ela tenha conspirado ou participado dos esforços da Rússia para influenciar a eleição presidencial dos EUA em 2016”, diz o resumo elaborado por Barr, que tem quatro páginas, e foi elaborado para ser enviado ao Congresso.
As investigações duraram quase dois anos. Desde maio de 2017, Mueller investigava os supostos laços entre a Rússia e a equipe de campanha do então candidato pelo Partido Republicano e agora presidente dos EUA. O caso chegou a gerar intensa pressão política sobre Trump. Mas neste domingo as conclusões divulgadas por Barr frustraram os adversários do presidente.
O relatório também apontou que não há elementos para sustentar uma denúncia criminal contra Trump por suspeita de obstrução da Justiça. Ou seja, acusar o presidente de ter tentado interferir nas investigações. Mas o relatório tampouco afasta totalmente a suspeita. Durante o andamento do caso, Trump chegou a demitir o diretor do FBI.
“Embora este relatório não conclua que o presidente (Trump) cometeu um crime, tampouco o exonera” sobre a possibilidade de ter obstruído a Justiça, apontou Mueller no relatório, segundo o resumo elaborado por Barr.
Mueller deixou para o procurador-geral a decisão de concluir se os elementos colhidos ao longo das investigações poderiam embasar uma denúncia contra Trump. Barr por sua vez, já adiantou que as evidências não são suficientes.
Em seu decorrer, a investigação resultou em acusações contra o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, e o braço direito dele, Rick Gates; e contra um ex-assessor do então candidato republicano, George Papadopoulos. Também foram acusados o ex-advogado de Trump, Michael Cohen; o primeiro assessor de Segurança Nacional na Casa Branca do atual presidente, Michael Flynn; além do estrategista político Roger Stone.
Ao longo de quase dois anos, aliados do presidente afirmaram regularmente que não havia elementos para sustentar as suspeitas iniciais. O próprio Trump chegou a afirmar que Mueller estava conduzindo uma “caça às bruxas”.
Após a divulgação da carta, a Casa Branca afirmou que as conclusões do Departamento de Justica representam “uma exoneração completa e total do presidente dos Estados Unidos”.
Trump também usou as redes sociais para celebrar a conclusão do relatório e propagandear que o documento aponta que ele foi totalmente exonerado, apesar de o procurador-geral ter dito o contrário. “Nenhum conluio, nenhuma obstrução. Completa e total exoneração. Mantenha a América grande!”, escreveu o presidente no Twitter.
Ele também comentou a conclusão do caso para jornalistas. “Honestamente, é uma vergonha que o seu presidente tenha tido de submeter-se a tudo isso, que começou antes mesmo de eu ter sido eleito”, disse.
Após a confirmação da conclusão do inquérito, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da oposição no Senado, Chuck Schumer, pediram que o relatório fosse divulgado na íntegra sem o conhecimento prévio de Trump. “Os americanos têm o direito de saber a verdade”, disseram os democratas numa declaração conjunta.
Apesar de ter conseguido o que já está sendo encarado como uma vitória neste domingo, Trump enfrenta ainda duas investigações do Departamento de Justiça em Nova York, uma na qual é acusado de tentar comprar durante a campanha o silêncio de duas ex-amantes e outra sobre violações no financiamento da campanha.