A pandemia Covid-19, a crise social e econômica, os desastres ecológicos… A famosa revista americana “Time” faz uma retrospectiva da série de eventos graves que marcaram 2020. Na capa da edição deste fim de semana, uma cruz vermelha risca os quatro dígitos do ano em uma observação implacável: 2020 é “o pior ano da história”.
Lembrando que as últimas grandes guerras, crises financeiras ou pandemias ocorreram há pelo menos 80 anos, a colunista cultural Stephanie Zacharek pinta um quadro sombrio deste ano, entre pandemia, morte de George Floyd e protestos que se seguiram às eleições presidenciais americanas.
No Twitter, os internautas criticaram a edição da revista, argumentando que a obrigação de passar alguns meses em casa não pode ser comparada com as grandes guerras do século XX.
Ao que Zacharek responde em seu artigo: “Você teria que ter pelo menos 100 anos para se lembrar da Primeira Guerra Mundial ou da epidemia de gripe espanhola de 1918, pelo menos 90 anos para se lembrar da Grande Depressão e pelo menos 80 anos para lembrar Segunda Guerra Mundial. Mas o resto de nós nunca esteve preparado para isso”.
E para citar os acontecimentos que marcaram o ano, a jornalista enumera “uma recorrência de catástrofes ecológicas que confirmam o quanto destruímos a natureza, uma eleição contestada por um argumento fantasioso, e um vírus provavelmente transmitido por um morcego que pode afetar toda a população e tirar a vida de 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo”.
Como crítica de cinema, Stephanie Zacharek explica que “se 2020 fosse um filme distópico, você deixaria de assistir depois de 20 minutos“, pois este ano, além de ser o pior da história, é “tristemente banal e sem graça”.
A colunista da Time, no entanto, conclui seu artigo com um aceno de esperança para o próximo ano.
“Os americanos são otimistas por natureza”, ela acrescenta, “é por isso que nossos aliados gostam de nós, mesmo que riam de nós pelas nossas costas – mas não nos importamos! Nosso otimismo é nosso traço de caráter mais ridículo, mas também o mais bonito. A vida nem sempre é um belo nascer do sol, às vezes você tem que passar pelas horas escuras logo antes. Onde a aurora espera seu momento”.
// RFI