O governo francês aconselhou nesta quinta-feira (8) os cidadãos a “evitarem a Espanha e Portugal” neste verão, confrontado com a rápida propagação da variante Delta da Covid-19 no país, sem, no entanto, proibir esses destinos.
“Quem ainda não reservou as férias, evite a Espanha e Portugal nos seus destinos, este é nosso conselho”, declarou o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, à rede pública de televisão France 2.
“É uma recomendação na qual insisto, é melhor ficar na França ou ir para outros países, pois temos uma situação que é particularmente preocupante”, acrescentou. O secretário sublinhou que as viagens aos dois países da península Ibérica continuam, mesmo assim, autorizadas.
“Tenham cuidado, poderemos anunciar medidas reforçadas nos próximos dias [contra a pandemia]”, disse, referindo-se a uma reunião do conselho de defesa sanitária prevista na próxima segunda-feira (13).
Reconhecendo que a situação da saúde em Portugal se “agravou”, o chanceler português, Augusto Santos Silva, afirmou que “as preocupações de um Estado amigo como a França” eram “compreensíveis”.
O ministro ressaltou que os portugueses residentes na França poderão visitar normalmente suas famílias em Portugal, durante as férias de verão, visto que essas viagens estão entre aquelas consideradas essenciais.
Todo cuidado é pouco
Clément Beaune se debruçou também sobre a situação da saúde em toda a Europa, exortando os países da União Europeia a serem extremamente cuidadosos. “Vimos momentos preocupantes, estádios na Hungria onde já não existia qualquer limite de público. Devemos ter cuidado, a pandemia não acabou”, disse.
“Um país como a Grécia, que sem dúvida mostrou um pouco de descaso nas últimas semanas, fortaleceu seu sistema de controle de entradas, tanto melhor”, acrescentou.
Beaune insistiu no respeito às decisões da Agência Europeia de Medicamentos sobre vacinas. “É necessário que as vacinas que reconhecemos para entrar no território se limitem realmente àquelas de que temos certeza, ou seja, as quatro que hoje são autorizadas na França e na Europa”, referindo-se aos imunizantes da Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson, martelou.
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“Há certos países como a Espanha que já se sentiram tentados, ou que fizeram o reconhecimento de certas vacinas, como a russa ou a chinesa. Nós, dizemos aos nossos parceiros europeus, tenham cuidado, estas vacinas não são autorizadas”, continuou o secretário da Estado. “É necessário também que as companhias aéreas em particular controlem este dispositivo e seremos extremamente duros neste ponto.”
Portugal também anunciou novas medidas para tentar controlar internamente a aceleração da epidemia.
Agora, para saborear uma refeição no interior de um restaurante durante os fins de semana, ou para ir a um hotel ou AirBnB em qualquer parte do país, os clientes terão obrigatoriamente de apresentar um certificado digital de vacinação ou teste negativo de Covid-19.
Os restaurantes (e hotéis) também poderão vender autotestes para que os clientes possam verificar se estão ou não infectados, esclareceu o ministro português da Economia, Pedro Siza Vieira.
Delta corresponde agora a 40% das infecções por Covid-19 na França
A França está vendo um aumento de casos da variante Delta da Covid-19, que representa agora 40% das novas infecções, contra 10% três semanas atrás. O governo francês pede à população que se vacine para evitar uma quarta onda da epidemia que poderia “arruinar” o verão.
O porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, alertou na quarta-feira (7) que a taxa de incidência da variante descoberta na Índia dobra a cada semana, e um aumento nos casos pode se transformar em uma quarta onda de infecções, que teria como consequência um retorno das restrições. “Esta variante é perigosa e rápida e, onde quer que esteja presente, pode arruinar o verão”, disse Attal durante uma entrevista coletiva.
O número de infecções confirmadas na França se aproxima da média semanal de 2.300 testes positivos por dia, depois de chegar a 1.800 no final de junho, e atingir o pico de cerca de 40.000 em março e abril.
O aumento de casos tem sido registrado principalmente em pessoas mais jovens, da faixa etária de 20 a 29 anos, na região de Paris, além de cidades do sudeste e oeste do território.
“Estamos recebendo cada vez mais sinais de alerta e podemos ver a mesma trajetória de alguns países vizinhos”, disse Attal.
// RFI