Em filmes e séries de TV, os psicopatas são retratados como “vilões” frios, insensíveis e manipuladores, que representam um desafio especial para a lei devido à sua alta inteligência – é só pensar em personagens como Hannibal ou o Assassino do Zodíaco. Mas uma nova pesquisa discorda deste estereótipo.
Com base em uma meta-análise de 187 estudos anteriores, os pesquisadores descobriram que eles têm, na verdade, uma inteligência média baixa, o que significa que nossos vilões fictícios favoritos provavelmente não seriam tão brilhantes no mundo real.
A psicopatia é um transtorno de personalidade avaliado sobre um espectro, o que significa que os psicopatas são diagnosticados por psicólogos através de uma lista de verificação de traços. Isso significa que você pode ter certos traços psicopatas, mas sem a combinação certa, você não seria considerado clinicamente um psicopata.
“Ao contrário da maioria dos transtornos clínicos, que são caracterizados por um conjunto de sintomas, a psicopatia é comumente descrita como um conjunto de traços de personalidade relativamente estável”, explica a equipe, liderada por Brian Boutwell, da Universidade de St. Louis, nos EUA.
O mito de Hannibal Lecter
Os traços mais frequentemente associados à psicopatia são indiferença, falta de remorso, falta de empatia, grandiosidade, impulsividade, astúcia, e manipulação.
Este conjunto de características fez Hollywood transformar psicopatas em seus vilões favoritos, tornando-os extremamente astutos no processo. Um dos melhores exemplos disso é Hannibal Lecter, protagonista de O Silêncio dos Inocentes, que é um gênio, mas também um canibal monstruoso.
Essa noção de que os psicopatas são todos gênios é tão prevalente que os próprios psicólogos chamam de “mito de Hannibal Lecter”, e Boutwell acha difícil conciliar esses “gênios do mal” com os fatos.
“Os psicopatas são impulsivos, brigam com a lei e muitas vezes se machucam”, garante ele. “Isso me levou a pensar que eles não são muito inteligentes”.
Inteligência baixa
Boutwell e sua equipe examinaram 187 estudos previamente publicados que abordavam psicopatia e inteligência. Esses estudos envolveram não apenas psicopatas presos, mas também aqueles bem-sucedidos.
Quando a meta-análise foi concluída, a equipe descobriu que os psicopatas na verdade obtiveram menor pontuação nos testes de inteligência em comparação com aqueles que não tinham traços psicopáticos, ou seja, a noção popular de que os psicopatas são inerentemente inteligentes é provavelmente o oposto do que acontece no mundo real.
É importante ressaltar que o estudo ainda não foi revisado por pares, de modo que até que as conclusões tenham sido verificadas independentemente, elas ainda não possuem comprovação científica.
Mas se elas se sustentarem, Boutwell acha que elas não só serão úteis para dissipar a visão romantizada dos psicopatas, mas também para ajudar os pesquisadores a desenvolver melhores tratamentos para a psicopatia no futuro.
Agora, o transtorno de personalidade é visto como intratável, o que significa que psicopatas não respondem às psicoterapias atuais como pacientes com outras condições.
// HypeScience