Em algum momento de nossa história evolutiva, há cerca de 600 milhões de anos, os primeiros organismos unicelulares evoluíram para uma vida multicelular mais complexa. Agora, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia e da Universidade de Montana (EUA) realmente viram isso acontecer em tempo real.
Neste incrível experimento, os cientistas queriam descobrir exatamente o que leva organismos unicelulares a se tornarem multicelulares. A evolução levou apenas 50 semanas ocorrer e foi desencadeada pela introdução de um simples predador.
Uma hipótese era que, muitos anos atrás, a predação colocou pressão seletiva sobre os organismos unicelulares fazendo com que se tornassem mais complexos.
Para testar a validade dessa teoria em laboratório, a equipe liderada pelo biólogo evolucionista William Ratcliff estudou cinco populações de uma alga verde unicelular, a Chlamydomonas reinhardtii, inserindo um predador – o Paramecium tetraurelia – em cada um deles para observar que acontecia.
Incrivelmente, em apenas 50 semanas – menos do que o período de um ano – duas das cinco populações experimentais evoluíram para a vida multicelular.
O estudo também mostrou que os organismos multicelulares resultantes eram incrivelmente variados, da forma como seria esperado na evolução natural. “Existe uma variação considerável nos ciclos de vida multicelulares evoluídos, com o número de células e o tamanho do propágulo variando entre os isolados”, a equipe escreveu em seu artigo.
50 semanas é um relativo piscar de olhos na escala evolutiva. Para as algas, foi um pouco mais de 750 gerações. Mas ainda é bastante impressionante, quando você pensa que as criaturas evoluíram ciclos inteiramente novos de vida.
Ser capaz de testemunhar algo como isto não é apenas absolutamente incrível, como também sugere que a predação poderia ter desempenhado um papel em pelo menos parte da evolução da multicelularidade.
“Os testes de sobrevivência mostram que características multicelulares evoluídas fornecem proteção efetiva contra a predação”, concluíram os pesquisadores. Um artigo detalhando a pesquisa foi publicado na revista científica Scientific Reports.
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