Theresa May continua a defender seu plano e se mantém irredutível, apesar da divisão no próprio partido. A primeira-ministra britânica alertou nesta segunda-feira (17) que só existem duas opções para o Brexit: seu plano de divórcio, conhecido como Chequers, ou uma saída sem acordo com a União Europeia (UE).
“Creio que a alternativa à aprovação do meu plano pelo Parlamento britânico será que não teremos um acordo”, disse Theresa May em entrevista à BBC. No fundo, a primeira-ministra britânica deixou um aviso ao Parlamento do Reino Unido: ou aceita seu acordo ou não haverá acordo algum.
O plano Chequers contempla criar uma área de livre comércio para bens depois do Brexit, o que evitaria os controles de alfândega e manteria aberta a fronteira irlandesa.
No entanto, os deputados conservadores mais eurocéticos, entre os quais o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson, rejeitam a possibilidade, que deixaria o Reino Unido ligado aos outros 27 Estados-membros e dificultaria a negociação de acordos comerciais com países exteriores à UE. Os eurocéticos propõem utilizar tecnologia já existente para evitar uma fronteira visível.
Na entrevista, May admite a necessidade de um “movimento de mercadorias livre de fricções”, sem alfândegas ou controles reguladores entre o Reino Unido e a União Europeia na ilha da Irlanda para evitar uma fronteira física.
O objetivo do Reino Unido é evitar uma fronteira visível entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte para não prejudicar o processo de paz.
Já nesta segunda, Johnson voltou a criticar o plano de May, ao afirmar, ao Daily Telegraph, que o fracasso do governo em resolver a questão irlandesa levou a uma “abominação constitucional”. “Pela primeira vez desde 1066 (conquista normanda da Inglaterra), nossos líderes consentem deliberadamente a uma autoridade estrangeira”.
Johnson acrescentou que o plano Chequers implica que o Reino Unido “permaneça efetivamente na união aduaneira e grande parte do mercado único”.
O diário The Times escreve que a UE parece estar disposta a aceitar uma fronteira irlandesa “sem fricções”. Segundo o jornal, o negociador comunitário, Michel Barnier, trabalha em um novo plano para utilizar tecnologia que permitiria minimizar os controles aduaneiros.
A questão da fronteira irlandesa, que nem Londres nem Bruxelas querem reintroduzir, é uma das principais dificuldades nas negociações do Brexit, que as duas partes querem concluir até a cúpula de outubro ou, no mais tardar, no início de novembro, poucos meses antes do “divórcio”, previsto para 29 de março de 2019.
O Brexit será um dos assuntos em discussão na cúpula informal de quinta-feira (20) em Salzburgo.
Ciberia, Lusa // ZAP