O presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso, disse hoje (8) que o resultado do julgamento do pedido de liberdade feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, não terá grande impacto sobre os futuros desdobramentos da Operação Lava Jato.
“Não vai ser um julgamento para definir se a operação vai ou não continuar. Não é a prisão ou a soltura de alguém que vai interferir no futuro da Lava Jato”, disse Veloso, logo após se reunir, em Brasília, com o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa que investiga rede de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo políticos e algumas das maiores empresas do país. Dallagnol não conversou com os jornalistas.
O STF deve julgar hoje (8) à tarde o pedido de liberdade para o ex-deputado federal, preso desde outubro do ano passado. Também está previsto para a sessão de hoje o julgamento de recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pede a anulação de provas obtidas na Operação Lava Jato. Será a primeira sessão da Corte para tratar da Lava Jato após a morte do ministro Teori Zavascki em um acidente de avião, em Paraty (RJ), no mês passado.
Os dois pedidos serão relatados pelo ministro Edson Fachin, que assumiu o comando dos processos oriundos da operação após a morte de Teori. O presidente da Ajufe disse não acreditar que haja qualquer “tendência preconcebida” de resultado.
“O ministro Fachin tem ainda uma trajetória longa no STF”, afirmou Veloso. “Confiamos que, se estiverem presentes nos autos os requisitos para a manutenção da prisão preventiva, o STF a manterá.”
Segundo Veloso, a conversa com Dallagnol girou em torno de temas como a necessidade de extinção do foro privilegiado; a importância de mudanças que dependem da aprovação do Poder Legislativo, caso das medidas contra a corrupção endossadas pelo MPF e o apoio da Ajufe à Operação Lava Jato.
“Continuaremos emprestando todo o apoio à operação e confiamos que ela não sofra nenhuma solução de descontinuidade após a morte do ministro Teori”, acrescentou. Sobre a indicação do ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, para a vaga do ministro Teori Zavascki, o presidente da Ajufe se limitou a responder que “a expectativa é que o STF continue com sua atividade normal”.
No começo do mês, a associação havia entregue ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, uma lista com a sugestão de três nomes de magistrados federais para substituir a vaga deixada por Teori. A entidade defendia que o presidente Michel Temer escolhesse entre os nomes apresentados: o juiz federal Sérgio Moro, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Reynaldo Fonseca e o desembargador federal de São Paulo Fausto De Sanctis.