‘Oumuamua — o objeto interestelar visitante que não veio de nosso sistema solar e passou por aqui dois anos atrás — tem chance de ser sinal de inteligência alienígena, de acordo com um estudo recente.
No entanto a maioria dos cientistas acha que a possibilidade é muito remota.
Em 2018, nosso sistema solar recebeu um visitante do espaço interestelar: ele não nasceu no nosso sistema solar. O misterioso objeto recebeu o nome ‘Oumuamua e aparentemente tinha o formato similar ao de um charuto, longo e afinado nas pontas, entre 400 e 800 metros de comprimento.
Tecnologia alienígena
Os pesquisadores não entenderam a causa mas o objeto estava ganhando velocidade. Uma das hipóteses é que algum tipo de equipamento extraterrestre fosse responsável pela aceleração, talvez usando a radiação solar como combustível, de acordo com o astrofísico Avi Loeb, de Harvard.
Os demais pesquisadores imaginam que haja uma explicação natural que para o padrão de aceleração do objeto. Uma das hipóteses é que o hidrogênio no estado sólido que poderia compor ‘Oumuamua estava gerando pequenas explosões que aumentam sua velocidade.
No entanto, um novo artigo científico publicado por Loeb e Thiem Hoang (do Instituto de Astronomia e Ciência Espacial da Coréia) semana passada na revista científica The Astrophysical Journal Letters indica que a idéia sobre o hidrogênio não funcionaria portanto ainda há possibilidade do objeto ser artificial, talvez uma sonda alienígena.
‘Oumuamua parecia se mover como se fosse um cometa, mas sem suas características clássicas. Foi a primeira vez que observamos um objeto entrar no sistema solar e ir embora para nunca mais voltar já que os objetos gerados no sistema solar tendem a orbitar o sol.
Cometas vem de regiões mais distantes do sistema solar do que os asteróides. O gelo na sua superfície se transforma em gás por causa da proximidade com o sol, deixando uma cauda. Esses gases liberados alteram os padrões de movimento do cometa como a trajetória e a velocidade.
Mas ‘Oumuamua não tinha cauda
Em outro artigo científico publicado em junho no The Astrophysical Journal Letters, o pesquisadores Darryl Seligman e Gregory Laughlin propuseram que ‘Oumuamua é um cometa formado em parte ou completamente de hidrogênio molecular; moléculas com dois átomos de hidrogênio (H2).
O H2 gasoso se solidifica a uma temperatura de 259,14 graus Celsius negativos na atmosfera da Terra. Cientistas já haviam criado a hipótese de existirem “icebergs de hidrogênio” em locais muito frios pelo espaço, de acordo com o estudo. Nesse caso a liberação do gás seria invisível para nós.
Mas na pesquisa de Loeb e Hoang a hipótese do hidrogênio não funciona já que cometas se foram do agrupamento de grãos congelados de poeira que se aglutinam e sobrevivem apenas enquanto não derretem, como o gelo de um boneco de neve.
Hoang e Loeb afirmam que mesmo a luz das estrelas nos locais mais gelados esquentaria o hidrogênio sólido antes que fosse capaz de se aglutinar para formar um cometa do tamanho de ‘Oumuamua. Outro problema: um iceberg de hidrogênio molecular é muito pouco denso. Viajar centenas de milhões de anos pelo do espaço teria feito que a luz das estrelas o tivesse despedaçado.
Seligman admitiu que a hipótese de Loeb estaria correta. A idéia poderia funcionar se ‘Oumuamua tivesse 40 milhões de anos, de acordo com o cientista.
Existem inúmeros processos no espaço que podem emitir objetos similares ao ‘Oumuamua: estrelas jovens se movendo em grupo que dão impulsos gravitacionais, planetas se formando ou as nuvens moleculares que geram estrelas.
Essas três hipóteses funcionariam perfeitamente de acordo com cientistas caso ‘Oumuamua seja um iceberg de hidrogênio molecular leve que surgiu nos sistemas estelares de Carina ou Columba, como indica este estudo, publicado no The Astronomical Journal.
Loeb discorda dessa hipótese.
Nenhuma dessas explicações é convincente
“Encurtar a distância que esse iceberg H2 precisa para viajar não resolve os problemas que delineamos em nosso artigo, porque o iceberg [de hidrogênio molecular] H2 teria se formado quando seu sistema planetário original se formou, bilhões de anos atrás”, e nesses éons, o iceberg evaporaria, disse ele ao portal Live Science.
Questionado se há uma possível explicação para a aceleração de ‘Oumuamua, Loeb disse ao Live Science que um novo livro que lançará em breve chamado “Extraterrestre: O Primeiro Sinal de Vida Inteligente Além da Terra” (em tradução livre), poderá esclarecer a questão.
// HypeScience