A cetamina, vulgarmente designada por “calmante para cavalos”, pode vir a ser a solução para doentes com risco de pensamentos suicidas.
O uso da cetamina tem vindo a ser explorado por cientistas que se dedicam à essa pesquisa farmacológica há mais de uma década. Em doses baixas e por via intravenosa, o fármaco tem sido usado para obter um efeito antidepressivo rápido.
Ao contrário de outros fármacos convencionais, a cetamina torna possível que, em apenas duas horas, obter melhoras em pacientes com diagnóstico de depressão grave e resistente aos medicamentos.
Segundo a revista portuguesa Visão, no ano passado, o laboratório Janssen, na Califórnia, testou a segurança e a eficácia da S-cetamina, uma das componentes da cetamina, tendo obtido resultados superiores aos do placebo no grupo de doentes depressivos com pensamentos suicidas a quem tinha sido administrada a dosagem.
Entretanto, também foi divulgada a formulação intranasal na fase II do ensaio clínico, tendo sido registrada uma redução significativa dos sintomas dos participantes que tomaram o químico, comparativamente aos que tinham sido submetidos ao placebo. Além disso, as melhorias se mantiveram durante os dois meses seguintes.
Agora, os resultados do estudo, publicado no American Journal of Psychology, parecem promissores, embora seja necessário passar pela terceira fase de ensaios clínicos até que seja aprovado. Ainda assim, a US Food and Drug Administration (FDA) admite que essa pode ser uma terapia inovadora para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Ainda assim, os efeitos adversos da cetamina não devem ser ignorados. Três dos pacientes tratados tiveram de abandonar o ensaio clínico, com náuseas, dores de cabeça, aumento da pressão arterial e do ritmo cardíaco após a inalação do spray.
Comercializada pelo nome de Ketalar, a cetamina induz um estado de transe, alívio da dor e perda de memória, com efeito analgésico de duração média de 25 minutos.
De acordo com a Visão, a cetamina chegou a ser usada pela tropas norte-americanas na guerra do Vietnã para alívio da dor dos soldados feridos e é também conhecida pelo seu uso veterinário, vulgarmente designada por “calmante para cavalos“.
No entanto, nos anos 1980 e 1990, a cetamina começou a ser utilizada na cena noturna, com fins recreativos por proporcionar estados alterados de consciência. O uso da chamada “droga do estupro” provocou a ocorrência de surtos psicóticos e mortes prematuras, fazendo com que fosse declarada ilegal pelas autoridades de saúde norte-americanas.
Depois de interditada pela Drug Enforcement Administration (DEA), a cetamina voltou agora a chamar a atenção, dessa vez pelos seus resultados promissores no que diz respeito ao tratamento da depressão.
Ciberia // ZAP