O tsunami em Taan Fiord, que aconteceu em outubro de 2015, mostra como a mudança climática tem alterado nossas paisagens. Mas o problema é ainda mais preocupante: estamos aumentando o potencial de gerar cada vez mais eventos como este, avisam os cientistas.
Um raro e extremo tsunami atingiu um fiorde no Alasca há três anos, depois de 163 milhões de toneladas de rochas montanhosas caírem na água e provocarem uma onda devastadora que limpou a costa, alcançando altitudes superiores a 182 metros.
O evento catastrófico que aconteceu em outubro de 2015, em Taan Fiord, no sudeste do Alasca, foi um dos maiores tsunamis já registrados e as origens (relacionadas com o recuo de um glaciar) sugerem que é um evento devido ao aquecimento global. Aliás, o novo estudo, publicado nos Nature Scientific Reports, alerta para o “perigo causado pelas mudanças climáticas“.
Como os blocos de gelo das montanhas vão continuar a encolher, haverá cada mais deslizamentos de terra, adiantam os autores do estudo, liderado pelo geólogo Bretwood Higman da Ground Truth Trekking.
“Há 40 anos, Taan Fiord não existia. Estava cheio de gelo”, acrescentou Dan Shugar, geocientista da Universidade de Washington e outro dos 32 autores do estudo, oriundos de instituições dos Estados Unidos, Canadá e Alemanha.
Contudo, o glaciar Tyndall recuou cerca de 16 quilômetros entre 1961 e 1991, enquanto derretia mais de 300 metros, antes de se estabilizar na sua localização atual. Isto não causou apenas a abertura do fiorde como removeu uma grande massa de gelo que apoiava e suportava as paredes montanhosas.
Quando o deslizamento de pedras ocorreu em frente ao glaciar, a forma confinada do fiorde originou a onda gigantesca que viajou muito rápido: a cerca de 96 quilômetros por hora. “Se eu atirar uma bola gigante para a banheira, a água vai para todos os lados. Mas, assim que bate na lateral da banheira, não tem para onde fugir. Aí, a única forma de fugir é ir para cima”, explica Shugar.
Os cientistas detectaram a assinatura sísmica inicial do deslizamento de terra cerca de oito meses depois do tsunami. Para documentar o evento, a equipe estudou os destroços, de modo a detectar as linhas de costa.
O certo é que este não é o único evento do gênero e, segundo os cientistas, podemos esperar mais desse tipo de fenômeno extremo quando os grandes blocos de gelo recuarem e as montanhas ao redor cederem.
“À medida que as encostas das montanhas se ajustam às novas condições, elas podem soltar rochas isoladas, avalanches de pedras ou colapsar completamente“, disse Martin Lüthi, geógrafo da Universidade de Zurique que recentemente documentou um pequeno tsunami em um fiorde da Groenlândia.
Ainda assim, tsunamis e avalanches não são os únicos perigos causados pelo recuo dos glaciares. O derretimento destes blocos de gelo podem também originar grandes lagos a grandes altitudes, que podem drenar ou ceder de repente.
Ciberia // ZAP