O governo chileno suspendeu neste sábado o toque de recolher que esteve em vigor durante sete dias, desde o início das imensas manifestações contra as desigualdades sociais no país. O estado de emergência poderá ser derrubado neste domingo, anunciou o presidente Sebastián Piñera.
“Se as circunstâncias permitirem, vou suspender todos os estados de emergência, de tal forma a poder contribuir à normalização que tanto querem e merecem os chilenos”, declarou Piñera no palácio presidencial de La Moneda.
O Chile entra hoje no oitavo dia consecutivo de protestos, um dia depois de a maior manifestação da história do país ocupar o centro de Santiago. Mais de 1,2 milhão de pessoas foram às ruas, para exigir uma sociedade mais justa.
Os chilenos reivindicaram mudanças no modelo econômico neoliberal instaurado pelo ex-ditador Augusto Pinochet, que se consolidou no período democrático agravando as desigualdades.
A estudante Javiera Herrera, que participou diariamente dos protestos em Santiago, disse à reportagem da RFI que os jovens não podem mais continuar a se endividar para comprar comida, cuidar da saúde, pagar os estudos. “Como falar de qualidade de vida nessas condições? As pessoas estão saturadas”, desabafou a estudante. “Vivemos dias históricos”, afirmou a manifestante.
Em uma mensagem breve publicada no Twitter, Piñera disse na noite de sexta-feira que “ouviu a mensagem” das ruas.
Neste sábado, o presidente também pediu aos ministros que coloquem seus cargos à disposição, para facilitar uma reestruturação no governo e enfrentar as demandas pronunciadas durante a crise social mais grave que o país já viveu desde o fim da ditadura (1973-1990).
Um dos ministros mais criticados pelos chilenos é Andrés Chadwick, da pasta do Interior e da Segurança Pública, primo do presidente.
// RFI