A televisão, internet, os principais meios de comunicação estão repletos de propagandas de redes de fast-food. Para muitas pessoas, comer hambúrguer é uma coisa absolutamente normal. Mas, essa realidade é bem distante para uma parcela da população, gente que mal tem arroz e feijão para comer, quem dirá um hambúrguer!
A professora Ludmila Cruzal foi confrontada com essa realidade na sala de aula, numa creche pública de Magé, no Rio de Janeiro. Na semana passada, ela compartilhou um relato que está comovendo os internautas.
Durante uma aula sobre a letra “H”, ela perguntou aos pequenos qual palavra que eles gostariam de aprender a escrever melhor. Entre “hipopótamo”, “hospital” e “hambúrguer”, os alunos escolheram a última.
“Eles escolheram hambúrguer porque um aluno foi ao McDonald’s e contou sua experiência para seus amiguinhos”, escreveu a professora no Facebook.
Ludmila, então, perguntou para a sala quem gostava de hambúrguer. Para sua surpresa, ela conta, poucos alunos levantaram a mão. A professora quis saber o porquê de tantas mãos abaixadas. “Como assim não gostam de hambúrguer?”, perguntou.
Um nó na garganta pegou Ludmila em cheio, quando uma aluna respondeu: “Tia, nunca comi um, mas já sonhei que comia”. “Respira, engole o choro e refletir é inevitável. Algo tão simples para tantos, tão frequente para muitos que chega ser utópico acreditar que eles nunca comeram”, refletiu Ludmila.
Pois bem, a professora esperou o “dindin cair na conta” para organizar uma “hamburgada” para os pequenos! Ela comprou os pães, hambúrguer, alface e outros condimentos. “Tudo para ficar bem parecido com o lanche do McDonald’s”, contou ela ao E+.
As crianças ficaram profundamente agradecidas pelo gesto de pura empatia da professora. “Realizou meu sonho. Agora pode fazer pizza”, escreveu uma aluna em um cartaz fixado na sala. “A tia arrasou”, disse outro aluno.
Mas, entre as respostas, a que mais emocionou Ludmila foi o de um aluno que disse que gostaria de levar o hambúrguer para casa, pois seu irmão ia gostar também.
“Ele se preocupou com o irmão, que não estava lá. Deixei que ele levasse alguns que sobraram para casa”, lembra Ludmila.
Este é o Brasil que me emociona e me revolta. Dos imensamente ricos e sem alma, ou dos sem nada, conformados, ou procurando “justiça” no crime. E no meio, quando a gente pensa que só existe indiferença, surge gente como a “tia” Ludmila. Não é muito o que ela fez (foi muito para as crianças), mas deveria servir de exemplo.