Coronavac produz anticorpos contra covid-19 em 97% dos casos

PAHO / WHO

Vacina da empresa chinesa Sinovac é segura, mostram resultados das fases 1 e 2. Mas nível de anticorpos gerados é menor do que em pessoas recuperadas da doença, e não está claro quanto tempo eles permanecem no corpo.

A vacina chinesa Coronavac produziu, depois de 28 dias, anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testados e é segura, afirma um estudo publicado nesta terça-feira (17/11) na revista especializada The Lancet Infectious Diseases.

A Coronavac é fabricada pela empresa chinesa Sinovac e está na fase 3 de testes em diversas regiões do Brasil desde julho, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Os dados do estudo são das fases 1 e 2.

Os resultados são provenientes de testes clínicos feitos na China em abril e maio, com 744 voluntários saudáveis entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo.

Níveis e persistência dos anticorpos

Porém, os níveis de anticorpos produzidos pela vacina foram mais baixos do que os observados em pessoas que foram infectadas e se recuperaram da doença covid-19, provocada pelo novo coronavírus.

Além disso, a persistência dos anticorpos gerados precisa ainda ser verificada para determinar quanto tempo durará a proteção contra o vírus, disseram os cientistas.

Diante disso, os cientistas frisaram que as descobertas da fase 3 serão cruciais para determinar se a resposta imunológica gerada pela Coronavac é suficiente para proteger contra uma infecção pelo Sars-CoV-2.

A pesquisa publicada, realizada por uma equipe chinesa, identificou a dose ideal para gerar as respostas imunológicas mais altas, enquanto observou os efeitos secundários, que foram leves e desapareceram em 48 horas.

O resultado já alcançado torna a vacina adequada para uso de emergência durante a pandemia, disse o pesquisador Fengcai Zhu, do Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Jiangsu, na China.

Os autores identificaram algumas limitações no estudo, como o fato de o teste da fase 2 não ter avaliado as respostas das chamadas células T (células do sistema imunológico), que representam outra variante da resposta imunológica às infecções pelo vírus.

A tecnologia usada na vacina

A Coronavac, uma das 47 candidatas a vacinas contra o novo coronavírus em testes clínicos, baseia-se numa cepa viral do Sars-CoV-2, originalmente isolada de um paciente chinês.

Outros candidatas a vacina, como as da Moderna e da Biontech-Pfizer, utilizam a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) modificado. Ou seja, a resposta imunológica é gerada sem o uso de patógenos, como no caso da Coronavac. Como as vacinas de mRNA não são feitas com o próprio coronavírus, não há qualquer chance de alguém ser contaminado pela própria vacina.

O Butantan estima que terá 46 milhões de doses do imunizante, sendo que 6 milhões virão da China e 40 milhões serão produzidas em São Paulo.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …