A escritora Jéssica Macedo foi criticada nas redes sociais pelo lançamento do livro “A Escrava e a Fera”, que conta a história de romance entre uma escrava africana, Amali, e seu senhor, um barão de Minas Gerais.
O barão foi marcado por queimaduras nos rostos e nas mãos e, por isso, não sai de casa, em uma alusão ao clássico “A Bela e a Fera”, que segue linha semelhante. Já a escrava foi trazida em um navio negreiro em condições precárias, foi violentada e marcada a ferro ao ser vendida no mercado de escravos. Evidentemente, a história é datada.
Linha de raciocínio de Jéssica desenvolveu um debate sobre romantização do racismo. Para muitos, a escritora tentou vender o período mais doloroso na história dos negros brasileiros de uma forma poética. Vale lembrar que o Brasil foi o país que mais importou escravos da África antes da abolição.
“O respeito acabou. O limite também. Estupro, escravidão e sequestro viraram novamente romance, em 2018. Não temos mais a desculpa utilizada por Gilberto Freyre, Jéssica Macedo é uma mulher de que tempo? O nosso? Ou de um escritor do século passado que achou interessante perpetuar historicamente o estupro de mulheres negras e a escravidão?”, escreveu Liv Teodoro, em postagem que viralizou no Facebook.
“O estereótipo de cuidadora, mesmo quando não é cuidada, tem sua liberdade castrada e seu corpo violado. É este o tempo da escritora? Nós vamos permitir, novamente, que sejamos retiradas desta forma, ainda mais dentro de um romance?”, pergunta a internauta.
A publicação do livro ocorreu através da Portal Editora, que, segundo Liv, denunciou todos os comentários criticando o título em seus posts, não abrindo espaço para argumentação.
Em post no Facebook, a autora se justificou e afirmou que não houve intenção de romantizar o período da escravidão. Ela disse que Amali, a escrava, teve como papel na história criar uma nova mentalidade em seu senhor, que passou a entender como o regime escravocrata era explorador.
Ciberia // Hypeness