Estudo de esqueletos de 200 gerações revela como humanos evoluíram para lutar contra germes

Estudiosos analisaram cerca de 70 mil esqueletos de 200 gerações a fim de entender como a humidade passou por pandemias anteriores. Os estudos foram feitos acerca de doenças infecciosas como tuberculose, treponematose e hanseníase.

Os pesquisadores Maciej Henneberg e Teghan Lucas, da Universidade Flinders, e Kara Holloway-Kew, da Universidade Deakin, na Austrália, analisaram dados coletados de 69.379 esqueletos antigos, abrangendo um período de cerca de 200 gerações, a fim de estudar a propagação de doenças infecciosas como tuberculose, treponematose e hanseníase. A ideia da pesquisa surgiu por conta do impacto da COVID-19 no mundo, visando avaliar, através do estudo de esqueletos, a capacidade evolutiva humana de combater pandemias anteriores.

Para obter dados sobre tuberculose, foram checados ossos de três períodos diferentes de tempo compreendido entre 7250 a.C. e 1899 d.C. Todos os casos de treponematoses da América datados de 6 mil a.C. até o presente foram analisados. Treponematose é um termo amplo usado para descrever quatro doenças distintas: bouba, pinta, sífilis endêmica e sífilis venérea. E para estudar a evolução humana a respeito da hanseníase, popularmente chamada de lepra, foram usados mais de 17 mil esqueletos do total datados entre 3125 a.C. e 1905 d.C.

De acordo com o estudo divulgado no Plos One, certos patógenos, como os que causam as três doenças estudadas, demoram para se reproduzir e se espalhar e podem deixar marcas distintas no osso antes de matar o hospedeiro, explicam os pesquisadores.

O estudo sugere que esses patógenos causaram mais alterações no esqueleto quando se espalharam pelas populações humanas, mas se tornaram menos comuns nos últimos cinco mil anos. Os pesquisadores afirmam que os germes sofreram mutação para infectar humanos antigos para que pudessem se replicar e, como resultado, a gravidade das doenças foi reduzida com o tempo.

“Os patógenos podem matar o hospedeiro humano ou invadir o hospedeiro sem causar a morte, garantindo sua própria sobrevivência, reprodução e disseminação. Tuberculose, treponematose e hanseníase são doenças infecciosas crônicas generalizadas onde o hospedeiro não é morto imediatamente”, disse o professor Henneberg, anatomista e antropólogo biológico.

Teghan Lucas também destaca o fato de que os germes se tornaram mais transmissíveis e menos mortais com o tempo, mas também a importância da paleontologia no estudo de doenças.

“A paleopatologia está se tornando uma disciplina cada vez mais popular que permite que doenças que se manifestam em tecidos duros sejam estudadas em populações passadas porque as doenças ficam preservadas enquanto os restos do esqueleto existirem. Devido à preservação dos sinais patológicos nos esqueletos, é possível rastrear o processo de coevolução das três principais doenças infecciosas, desde que os espécimes foram encontrados”, explicou.

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