Um grupo de cientistas do Instituto de Física do Estado Sólido da Universidade de Tóquio, no Japão, produziu o campo magnético controlável mais forte já criado em ambientes fechados – um marco para a Física.
Energia barata, limpa e quase ilimitada nos parece sempre um sonho muito distante. Há muito tempo os cientistas acreditam que a fusão nuclear – o tipo de reação que alimenta estrelas como o Sol – pode ser uma fonte potencial para essa ideia. Contudo, a reação tem se mostrado muito difícil de manter – pelo menos, até agora.
Com a nova descoberta, publicada na semana passada na Review of Scientific Instruments, estamos mais perto que nunca de fazer essa energia acontecer.
De acordo com a publicação, o campo magnético criado foi mantido por mais tempo do que qualquer outro campo de força semelhante testado até então. O avanço pode conduzir os cientistas a poderosas ferramentas de pesquisa, bem como ser aplicada para gerar a tão esperada energia de fusão.
“Uma forma de produzir energia de fusão é confinar plasma – um mar de partículas carregadas – em um grande anel chamado tokamak, de forma extrair energia”, disse o pesquisador Shojiro Takeyama em comunicado. O campo magnético que um tokamak exige é “tentadoramente semelhante ao dispositivo que nós conseguimos produzir”.
Para gerar o campo magnético, os pesquisadores da Universidade de Tóquio construíram um dispositivo altamente sofisticado capaz de fazer a compressão eletromagnética de fluxo (EMFC) – técnica conhecida para gerar um campo adequado em condições internas.
Recorde: 50 milhões de vezes mais forte que o campo da Terra
Recorrendo ao dispositivo, os cientistas foram capazes de produzir um campo magnético de 1200 Teslas (T) – cerca de 120 mil vezes mais forte que um simples ímã que colocamos na geladeira.
Ainda em termos de comparação, o campo magnético da Terra tem “meros” 50 microtesla (µT) e os campos supercondutores do Grande Colisor de Hádrons do CERN são de 8 T. Ou seja, o campo magnético criado pelos japoneses é cerca de 50 milhões de vezes mais forte do que da Terra.
Embora um campo magnético mais forte já tivesse sido criado, agora os físicos conseguiram controlá-lo durante 100 microssegundos, milhares de vezes superior ao que tinha sido registrado nos procedimentos experimentais anteriores.
Os cientistas foram ainda capazes de controlar o campo magnético, evitando que ele destruísse equipamentos científicos, assim como já aconteceu em outras experiências, nas quais os pesquisadores tentaram criar campos magnéticos poderosos.
Assim como Takeyama revelou na nota divulgada, a experiência significa que o dispositivo criado pode gerar a força quase mínima de um campo magnético e a duração necessária para que se dê uma fusão nuclear estável – dessa forma, estamos um passo mais perto da energia limpa e ilimitada com que sonhamos há cerca de um século.
Ciberia // ZAP