Apurar fatos, checar informações, escolher o que é mais relevante e transformar tudo em um texto relevante e agradável de ser lido: algumas das tarefas básicas para o jornalismo podem ser realizadas pela Inteligência Artificial.
Pelo menos é o que acredita o Google, que anunciou um aporte financeiro para desenvolver a primeira agência de notícias robotizada do planeta.
O investimento de 622 mil libras (o equivalente hoje a cerca de R$ 2,6 milhões) faz parte do Fundo de Iniciativas de Jornalismo Digital e será feito junto à Press Association, uma agência de notícias que fornece conteúdo para dezenas de veículos do Reino Unido e da Irlanda.
O projeto, que já está em desenvolvimento e tem previsão de estar pronto em 2018, promete gerar até 30 mil notícias por mês.
O sistema de IA, chamado de Radar (Reporters and Data and Robots) será abastecido por cinco humanos, que recolherão dados em sistemas governamentais e com autoridades locais. A partir daí, um sistema de linguagem natural cria textos, gráficos e vídeos.
O objetivo, segundo Pete Clifton, editor-chefe da Press Association, é criar conteúdo local “em um volume que seria impossível de se prover manualmente”. O Radar está sendo programado para publicar sobre assuntos como segurança, saúde e emprego.
Desde 2014, a agência norte-americana Associated Press usa a Inteligência Artificial para elaborar relatórios financeiros, textos considerados burocráticos e facilmente redigidos por robôs.
Rhiannon Williams, jornalista que trabalhou na Press Association, acredita que a iniciativa pode deixar os repórteres com mais tempo para se dedicar a histórias aprofundadas, enquanto os robôs cuidam das notícias superficiais.
Por outro lado, Tim Dawson, presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas do Reino Unido, declarou ao The Guardian que não é contra nem a favor de inovações tecnológicas, mas afirma que a falta de investimento é um problema sério para a mídia britânica e teme que a iniciativa simplesmente permita às agências reduzir ainda mais suas equipes de repórteres.
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