As ferramentas encontradas no sul do Quênia revelam que, há cerca de 320 mil anos, os primeiros Homo sapiens já eram mais sofisticados do que pensávamos.
Os antropólogos do Museu Nacional Smithsonian de História Natural e uma equipe internacional de colaboradores descobriram que os primeiros Homo sapiens na África Oriental, que viveram há cerca de 320 mil anos, usavam ferramentas sofisticadas que não eram características do Paleolítico.
Os primeiros humanos modernos também faziam uso de pigmentos de cor e já comercializavam com povoados distantes, informa o estudo publicado no Phys.org.
Os artefatos foram encontrados durante as escavações na região de Olorgesailie, no sul do Quênia, e são as ferramentas mais sofisticadas já descobertas até hoje. Algumas delas são feitas de obsidiana, um tipo de rocha vulcânica que produz lâminas extremamente afiadas, cujos depósitos se encontravam entre 24 a 88 quilômetros de distância do local.
Isso indica, segundo a pesquisa, que já existia comércio entre diferentes povoados que habitavam o continente africano da época. Também foram encontrados cristais de manganês e ocre, que eram utilizados como corantes e que podem ter sido usados para a pintura do corpo ou outro tipo de expressão simbólica, escreve o Público.
As novas descobertas foram divulgadas em três estudos distintos, publicados no dia 15 de março na revista Science, e indicam que os comportamentos da espécie humana no Paleolítico surgiram durante um período de tremenda variação climática na região.
De acordo com as pesquisas, à medida que os terremotos remodelavam a paisagem e o clima começou a variar entre estações úmidas e secas, as inovações técnicas e as redes de intercâmbio social ajudaram os primeiros humanos a sobreviver e obter os recursos que necessitavam perante as condições imprevisíveis.
“A mudança para um conjunto muito sofisticado de comportamentos, que implicou maiores habilidades mentais e uma maior complexidade da vida social, pode ter sido o principal elemento que distingue nossa linhagem de outros seres humanos primitivos”, afirma Rick Potts, diretor do programa Origens Humanas do Museu de História Natural.
Ciberia // ZAP