A maionese é um ingrediente muito comum em lanches, desde opções caseiras até sanduíches considerados mais lights e saudáveis, e nem preciso falar dos restaurantes de fast food. Inclusive, alternativas veganas costumam conter o que é chamado de “maionese vegana”.
Bom, então todo o mundo deve gostar de maionese, não é mesmo? Ela é muito prevalecente, e certamente é deliciosa. Aparentemente, no entanto, uma boa porcentagem da população tem puro nojo de maionese. A ciência explica por quê.
Paul Rozin, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia (EUA), estuda o sentimento de nojo (ou aversão) desde a década de 1980.
Além de ser um especialista no assunto, Rozin também é o pesquisador que inventou a frase “masoquismo benigno” para explicar por que algumas pessoas gostam da sensação de queimação trazida por pimentas.
O nojo, explica Rozin, originalmente evoluiu como uma forma de manter os seres humanos seguros. Ficar perto dos excrementos uns dos outros, por exemplo, é uma excelente maneira de espalhar doenças, então aprendemos muito cedo a evitar certas coisas.
A aversão é diferente do simples desgosto. Você pode não gostar muito de maçãs, por exemplo, e ainda tomar uma bebida que contenha uma fatia da fruta (mesmo que resolver tirá-la do copo). Agora, se você encontrasse uma barata em sua bebida, com certeza a deixaria de lado, mesmo depois de retirar o bicho do coquetel.
Esse sentimento é a aversão ou nojo e, embora possa ter se originado em fezes, é generalizado para incluir a maioria dos fluidos corporais e, dependendo do indivíduo, certos alimentos. E o nojo é o que algumas pessoas sentem pela maionese.
O problema da maionese
Antes de mais nada: isso é realmente algo que importa? Quem não gosta de maionese?! “A porcentagem de pessoas que não gostam de maionese é próxima de 20% – não é trivial”, afirma Herbert Stone, um consultor sensorial de alimentos.
Embora Stone não consiga colocar um número preciso sobre quantas pessoas simplesmente não curtem maionese e quantas realmente têm nojo dela, a maionese consegue polarizar gostos em todo o mundo.
“Você encontrará esse tipo de polarização em outros países além dos EUA, ao redor do mundo. Não apenas na Europa Ocidental – você também encontrará um grau semelhante de desagrado na Ásia”, acrescenta Stone, que entre outras coisas consultou a marca de maionese Hellmann’s.
Até onde Rozin sabe, ninguém fez um estudo especificamente sobre o nojo de maionese, mas, com base em sua pesquisa anterior sobre a aversão, ele postula que é a textura do alimento a culpada.
Sua qualidade viscosa é o tipo de textura semelhante a de alguns fluidos comumente considerados nojentos, como os que escorrem de uma carcaça apodrecida. O nojo tende a alinhar fortemente com nossa revolta sobre fluidos corporais, e a aparência cremosa da maionese suscita algumas comparações infelizes.
Existe um motivo, enraizado na ciência alimentar, para incluir maionese em sanduíches – os alimentos úmidos são mais saborosos. A umidade ajuda a saliva em nossa boca a trabalhar de forma mais eficaz e carrega mais sabores do que alimentos secos.
Mas há boas notícias: a maionese não é o único condimento que pode deixar um alimento “molhadinho”. Azeite, vinagre, mostarda, geleia de pimenta, molho barbecue… Muitos outros também têm essa função, e não exigem nenhuma combinação com a maionese.
Cuberia // HypeScience / Popular Science