A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, anunciou nesta quinta-feira (16) o lançamento de sua campanha “pré-presidencial”.
O pleito acontece apenas em 2022, mas a candidata derrotada no segundo turno em 2017, que enfrenta dificuldades em seu próprio partido desde então, aproveita a baixa na popularidade de Emmanuel Macron para ganhar espaço no cenário político.
“Além das disputas diárias (…) nós entramos em uma fase de pré-presidencial”, declarou Marine Le Pen durante uma entrevista coletiva na sede do partido, na periferia de Paris.
“Minha decisão foi pensada. Meu objetivo é avançar em direção a um projeto de união nacional, algo que possa reunir os franceses de onde quer que venham. Um projeto de grande alternância para reerguer novamente o país”, disse.
A candidatura ainda deve ser validada pelos membros do partido durante o congresso da legenda, em 2021. Mas Marine Le Pen disse que prefere anunciar desde já “sua vontade de preparar [a campanha] presidencial”.
Em outubro passado, a presidente do partido Reunião Nacional (ex-Frente Nacional) havia dito que estava “pronta para fazer o trabalho que Emmanuel Macron não faz”. A declaração foi feita após vários rumores de que ela não teria a intenção de tentar, pela terceira vez consecutiva, conquistar o Palácio do Eliseu, sede da presidência.
Longe dos holofotes
Le Pen esteve relativamente longe dos holofotes nos últimos meses. Ela explicou que preferiu “privilegiar a reflexão mais aprofundada, fazendo um trabalho menos visível, (…) mas essencial”, com o objetivo de “construir as fundações do projeto de recuperação” que “será o esqueleto da união, além de nossa família política”.
As declarações da líder da extrema direita francesa são feitas em meio a um esvaziamento de seu partido, com nomes de peso deixando o Reunião Nacional para criar seus próprios grupos. O exemplo mais emblemático é o de seu ex-candidato à vice-presidência, Florian Philippot, que fundou a legenda Os Patriotas.
Marine Le Pen disse que fará sua campanha apoiada por seu partido, “mas também pela sociedade civil, especialistas e pessoas que refletem sobre o projeto presidencial”.
Macron em crise e eleição municipal
“Devemos estar à altura da função. Não se improvisa ser presidente. É algo que se prepara”, insistiu a líder da extrema direita, que foi muito criticada na reta final do segundo turno da eleição de 2017, acusada de despreparo.
O anúncio da candidatura precoce também coincide com uma crise de popularidade do chefe de Estado, Emmanuel Macron, em meio às críticas ao projeto de reforma da Previdência, que desencadeou um movimento de greve histórico no país.
Além disso, a França se prepara para eleição municipal em março deste ano, e o pleito é visto como uma vitrine potencial para a extrema direita.
// RFI