Os juízes franceses requalificaram nesta sexta-feira (12) as acusações contra Marine Le Pen de “abuso de confiança” para “desvio de verbas públicas” no caso envolvendo assessores parlamentares europeus de seu partido Reunião Nacional (ex-Frente Nacional).
À rádio France Info, Marine Le Pen disse que “não há nenhum elemento novo no caso”, no momento em que saía do Palácio da Justiça de Paris, onde foi ouvida nesta sexta-feira.
A líder da extrema direita foi acusada em junho de 2017, por “abuso de confiança”, pois teria usado funcionários pagos pelo Parlamento Europeu para trabalhar em sua campanha presidencial.
Marine Le Pen não respondeu às perguntas dos juízes, argumentando que ela aguarda uma decisão da Corte de cassação sobre um recurso que deve ser examinado em 27 de novembro.
“A autoridade judicial não pode se tornar o arbitro de meu trabalho de deputada europeia”, argumentou. “Nós somos totalmente inocentes dos fatos alegados”, acrescentou.
O partido Reunião Nacional (RN) e sua presidente, Marine Le Pen, já estiveram implicados em outros casos na justiça. Três processos foram abertos durante as campanhas eleitorais de 2012 a 2015.
Além disso, Marine passou a ser alvo de uma investigação preliminar após publicar no Twitter um documento que corria em segredo de justiça, no qual o juiz lhe recomendava um laudo psiquiátrico após ela divulgar nas redes sociais fotos de atos do grupo Estado Islâmico.
Jean-Marie Le Pen envolvido em casos na justiça
Jean Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional e pai de Marine, também é outro muitas vezes envolvido em processos na justiça.
No início do mês, a procuradoria de Paris pediu uma multa de € 8 mil sob pena de prisão contra o líder histórico da extrema direita francesa, por incitação ao ódio após uma série de comentários homofóbicos, incluindo um contra um policial gay morto em um atentado em Paris no ano passado.
O patriarca do clã Le Pen, de 90 anos tem múltiplas condenações por comentários xenófobos e antissemitas. Em 2017, o ultradireitista estimou que o parceiro do policial Xavier Jugelé, morto em um atentado extremista na Champs-Élysées, não deveria ter falado tão abertamente de seu amor em uma cerimônia comemorativa nacional.
“Acho que esse detalhe familiar deveria ter se mantido afastado desse tipo de cerimônia”, escreveu o eurodeputado em seu blog.
Ele também foi julgado por suas declarações de dezembro de 2016, quando afirmou que “os homossexuais seriam como sal na sopa: com pouco fica sem graça; se há muito, não é comestível”.
Alguns meses antes, ele havia relacionado homossexualidade e pedofilia. Apesar das declarações polêmicas, o advogado de Le Pen disse à AFP em fevereiro que seu cliente “não tem nada contra os homossexuais”, mas “reivindica seu direito de expressar a sua opinião”.
// RFI