Uma reportagem da Folha de São Paulo afirmou que uma das médicas que trabalhou para impedir o aborto legal de uma criança de 10 anos que foi estuprada em São Mateus, ES, confessou, em entrevista, que se tratava de uma viagem institucional.
Uma apuração anterior do jornal já colocava que o Ministério teria proposto que o Conselho Tutelar impedisse a interrupção da gravidez em troca de um jeep Renegade. Posteriormente, os dados pessoais da criança – que estiveram em voga na reunião – teriam sido repassados a Sara Giromini, ativista bolsonarista e anti-aborto.
Com as informações da vítima em mãos, ela incentivou militantes anti-aborto a tentarem interromper violentamente o procedimento que ocorreu em Recife.
Agora, em entrevista com a médica Mariângela Consoli de Oliveira, que estava nas reuniões com a prefeitura de São Mateus, a Folha confirmou que a participação de ativistas anti-aborto partiu de forma ‘institucional’.
“Foi uma iniciativa institucional, não partiu de mim”, afirmou Mariângela à Folha, na sexta-feira (25). “Prefiro não falar sobre isso, porque isso aí já passou. Tudo o que eu fiz foi por trâmites legais.”
Damares nega que tenha usado aparato do Ministério para coibir o aborto que foi autorizado pela Justiça.
As informações da Folha contradizem a Ministra; o jornal afirma que Damares propôs que a criança fosse levada para uma instituição em Jacareí, interior de São Paulo, especializada em cuidados de gravidez de alto risco. Mesmo que fosse desejo da jovem e da família que a gestação, fruto de um estupro e de pedofilia, fosse interrompida.
A crise criada pelo comportamento da pasta de Damares, aliada aos setores ultraconservadores da sociedade, colocou a vítima em risco. Agora, a criança está em um Programa de Proteção às Vítimas e foi retirada de São Mateus, ES. Ela viverá em outro estado, provavelmente com outro nome.
// Hypeness