Já sabemos que pacientes de Covid-19 podem ficar com problemas pulmonares severos por um longo tempo, mas novas evidências assustadoras apontam os grandes impactos no coração que o coronavírus pode causar, mesmo que você nunca tenha exibido nenhum sintoma da doença.
Os atletas mais fisicamente aptos estão corroborando essa terrível estatística: um atleta de futebol americano da Universidade de Indiana (EUA) está lidando o que podem ser problemas cardiovasculares e outro da Universidade de Houston (EUA) decidiu parar de jogar nesta temporada por “complicações com meu coração”. Mais de doze atletas dos cinco principais times de futebol americano exibiram lesão no miocárdio (o músculo do coração) depois de contraírem Covid-19, informou a ESPN. Eduardo Rodriguez, jogador de beisebol do Boston Red Sox, disse se sentir com “cem anos” depois de contrair o coronavírus e desenvolver uma inflamação no miocárdio chamada de miocardite.
Algumas dessas patologias podem ser curadas mas também tem boa chance de levar a sérios problemas cardíacos, incluindo morte súbita. Michael Ojo, um ex-jogador de basquete do Florida State, morreu possivelmente por causa de consequências cardiovasculares após ter se recuperado de uma infecção por Covid-19.
Há indicações de que a inflamação no miocárdio ocorra por causa da agressiva resposta do sistema imune ao coronavírus. Não importa a idade: uma criança de 11 anos morreu de insuficiência cardíaca e miocardite após contrair Covid-19 e cientistas descobriram a proteína do vírus no músculo do coração de seis pacientes mortos por insuficiência pulmonar.
Ossama Samuel chefe de cardiologia do hospital Mount Sinai Beth Israel em Nova York, disse ao Scientific American sobre inúmeros pacientes sofrendo miocardite poucas semanas após se recuperarem da infecção por Covid-19. Um deles desenvolveu pericardite (inflamação no pericárdio, a bolsa que envolve o coração). Mais dois de seus pacientes na casa dos 40 anos estão com função cardíaca comprometida, um deles atlético, que é obrigado a usar um desfibrilador portátil constantemente conectado ao seu peito. Ele possui fibrose e cicatrizes formadas no miocárdio que podem obrigá-lo a implantar um desfibrilador permanente.
Miocardite é complicada de diagnosticar: alguns pacientes não tem sintomas enquanto outros costumam ter falta de ar, dores no peito, cansaço e febre. Outro paciente do hospital, um profissional de saúde de 34 anos, teve febres, diarréia, vômitos, náusea e aperto no peito até receber o diagnóstico de miocardite. Teve insuficiência cardíaca grave, ficou internado na UTI e teve que passar por uma cirurgia para melhorar o seu funcionamento cardíaco. Ele não consegue trabalhar há meses e subir poucos lances de escadas os deixa exausto.
Arritmia é uma ocorrência comum e preocupante em pacientes com Covid-19 e há estimativas que 7% das mortes da infecção podem ser causadas por miocardite. Miocardite também pode causar arritmias mesmo anos após anos do término do tratamento.
Estima-se que cerca de metade dos pacientes com miocardite desenvolvam problemas crônicos. Uma pesquisa com pacientes que se recuperaram da infecção por coronavírus mostrou que 37% deles desenvolveram miocardite ou miopericardite 10 semanas depois.
Um estudo recente em cem pacientes que já haviam se recuperado da infecção mostrou que 78% sofrem “danos cardiovasculares duradouros”, mesmo nos casos que chegaram a exibir apenas sintomas mais leves, de acordo com Elike Nagel, o autor principal do estudo.
O que fazer para evitar esse grave risco de doença cardíaca? Use máscara facial, faça o distanciamento físico. O mais importante é evitar contrair o vírus em primeiro lugar.
// HypeScience