Uma força-tarefa da Operação Lava-Jato prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-presidente Michel Temer (2016-2018) na cidade de São Paulo após a ordem expedida pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, que também solicitou a detenção do ex-ministro Moreira Franco, colaborador do ex-presidente e correligionário do MDB.
O Ministério Público Federal chegou a solicitar duas vezes ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos contra Temer por corrupção, mas o Congresso Nacional se negou a autorizar os procedimentos, por isso que todas as causas contra o ex-presidente dependiam da perda do foro privilegiado ao final de seu mandato.
O anúncio da prisão do ex-presidente brasileiro Michel Temer, nesta quinta-feira (21), repercutiu imediatamente na imprensa internacional. Vários jornais noticiaram e comentaram a detenção do ex-chefe de Estado.
“O ex-presidente brasileiro Michel Temer foi preso em uma investigação anticorrupção”, deu em manchete o canal de televisão France 24 logo após o anúncio.
A emissora francesa explica que o ex-chefe de Estado foi detido como parte da investigação Lava Jato, “a mesma que levou vários políticos e empresários à prisão, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva“.
“Trata-se do segundo presidente brasileiro que caiu na malha do Lava Jato”, insiste o jornal francês Les Echos, enquanto o argentino El Clarín e o vespertino francês Le Monde lembram que a investigação tornou público “o maior escândalo de corrupção da história do Brasil”.
Já o diário português Público explica que “Temer é alvo de dez inquéritos movidos pela Lava Jato” e afirma que desde quarta-feira (20) a polícia já tentava localizar o ex-presidente.
O jornal português também lembra que enquanto esteve no cargo, o ex-chefe de Estado foi alvo de outras acusações da Procuradoria-Geral da República, inclusive nos últimos dias de mandato, “mas o Congresso impediu sempre que o então presidente pudesse ir a julgamento”.
Todos os jornais lembram que Temer, 78 anos, foi vice-presidente de Dilma Rousseff (PT) e a substituiu no cargo em 2016 após o impeachment da ex-chefe de Estado por manipulação das contas públicas. Mas há décadas faz parte do tabuleiro político brasileiro.
“Raposa velha da política e cacique do PMDB, que se tornou MDB, Temer parecia inoxidável enquanto estava no cargo e conseguiu duas vezes se livrar da ameaça de destituição”, analisa o jornal belga La Libre. “Ele se agarrou ao poder e dedicou toda a sua energia negociando com seus aliados políticos para salvar seu mandato”.
Já o jornal norte-americano The New York Times se interessou pelo impacto da notícia no mercado financeiro, apontando que a moeda brasileira perdeu 1% e que a Bolsa de São Paulo caiu 1,5% logo após o anúncio. “Os mercados caem no Brasil com a prisão de Temer”, completa a agência de notícias Bloomberg.
CIBERIA // RFI