Mais de meio milhão de pessoas participaram neste sábado (20) na “maior manifestação sobre o Brexit” para exigir um referendo sobre o acordo final entre a Grã-Bretanha e a União Europeia (UE), que continua sendo negociado a apenas cinco meses do prazo para a saída do país do bloco.
“Esta também foi a maior manifestação dos últimos anos. Antes, somente um protesto contra a guerra do Iraque em 2003 havia reunido tantas pessoas”, comemorou a “People’s Vote”, movimento que defende uma “votação popular” e que agrupa muitas associações pró-UE.
De acordo com o movimento, 570.000 pessoas participaram na manifestação. A polícia britânica não divulgou uma estimativa. Em um dia ensolarado, os manifestantes de todo o país seguiram até o Parlamento britânico, depois de passar pelo bairro dos ministérios.
Entre eles estavam muitos cidadão europeus, representados pelo “The3Million”, grupo de lobby que defende os interesses de cerca de 3,4 milhões de cidadão europeus que vivem no Reino Unido. A última grande marcha até o Parlamento britânico para pedir um novo referendo reuniu quase 100.000 pessoas em junho.
Missão Impossível
O protesto reuniu uma multidão com a difícil tarefa de convencer a primeira-ministra britânica Theresa May a convocar um segundo referendo sobre os resultados de suas negociações com Bruxelas.
Apesar do ambiente festivo, a mensagem é séria: o Brexit que seus partidários prometeram antes do referendo de junho de 2016 – onde ganhou por 52% – não tem nada a ver com o que está sendo negociado agora.
Os organizadores também acreditam que os britânicos que votaram a favor do Brexit agora mudariam de posição por estarem cientes das reais consequências da saída da UE.
“Creio que as pessoas erraram de várias maneiras”, disse o empresário Peter Hancock, entrevistado pela AFP, enquanto amarra uma bandeira europeia em volta do pescoço do seu cão pastor. “Queremos continuar sendo europeus‘, acrescentou sua esposa Julie. “Não vemos os benefícios” do Brexit, disse.
Mas a primeira-ministra já deixou claro que não tem nenhuma intenção de permitir uma nova consulta aos cidadãos sobre a questão. “Não vai acontecer um segundo referendo. As pessoas votaram e este governo vai fazer o Brexit”, afirmou durante a semana.
A poucos meses do Brexit, previsto para 29 de março de 2019, as negociações entre Londres e Bruxelas estão bloqueadas, em especial sobre o tema da fronteira na ilha da Irlanda. Além disso, os organizadores do protesto destacaram que persiste a incerteza sobre a maneira como o Reino Unido abandonará a UE.
// RFI