Os distanciamentos do coronavírus mudaram a maneira como a Terra se move

Simone Venezia / EPA

As pessoas têm ficado em casa para diminuir a velocidade com a qual o novo coronavírus se espalha. Mas essa atitude pode significar que o planeta também está se movendo um pouco menos.

Pesquisadores que estudam o movimento da Terra relataram diminuição no ruído sísmico. Essa redução pode ser resultado da diminuição da rede de transporte e parada de outras atividades. De acordo com os cientistas, isso abre a possibilidade de detectar terremotos menores, impulsionar os esforços para monitorar atividades vulcânicas e outros eventos sísmicos.

A crosta da Terra se move apenas em decorrência de eventos naturais, como terremotos. Também por vibrações causadas pelo movimento de veículos e máquinas industriais. Os efeitos provocados individualmente são pequenos, mas somados criam um ruído. Este reduz a possibilidade de detectar outros sinais que ocorrem na mesma frequência.

O sismólogo do Observatório Real da Bélgica, Thomas Lecocq, falou que semelhantes reduções de ruído normalmente são percebidas de forma breve perto do Natal. É nesse observatório que foram observadas as reduções de ruído.

O sismômetro do local, de acordo com Lacocq, agora é quase tão sensível quanto um detector enterrado em poço de 100 metros.

Novos dados

As medidas para conter a Covid-19 em Bruxelas provocaram redução de aproximadamente um terço do ruído sísmico provocado pela atividade humana. Isso de acordo com os dados do sismômetro do observatório, informou Lecocq. Entre as medidas estão fechamento de escolas, restaurantes e outros locais públicos, desde 14 de março. A partir do dia 18 também foram canceladas as viagens não essenciais.

O sismólogo do Incorporated Research Institutions for Seismology em Washington, Andy Frassetto, considera que se o isolamento continuar nos próximos meses, detectores ao redor do mundo poderão indicar melhor a localização de terremotos e terremotos secundários. Com o sinal mais claros será possível extrair mais informações dos eventos.

Essa redução de ruído também pode contribuir para o trabalho de sismólogos que usam vibrações como as provocadas pela quebra das ondas do mar, para monitorar a crosta terrestre.

Essa redução foi sentida em outros países, mas não será percebida de forma tão evidente em todas as estações de monitoramente. Porque, de acordo com a geóloga do Serviço Geológico dos Estados Unidos, Emily Wolin, muitas estações são propositalmente localizadas em áreas remotas ou em profundidade para evitar o ruído provocado pela atividade humana.

Os benefícios para algumas pesquisas não compensam o sofrimento provocado pela pandemia. Mas podemos perceber como a soma de pequenas interferências tem um resultado significativo.

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