Ratos do mesmo sexo geram filhotes em laboratório

Cientistas da Academia Chinesa fizeram nascer filhotes de ratos do mesmo sexo através de uma nova técnica que utiliza células-tronco modificadas. A nova técnica desenvolvida pelos cientistas chineses mistura as células modificadas que apagam grupos químicos de DNA associados ao sexo.

Através da técnica, foi possível reproduzir filhotes de ratos a partir de casais do mesmo sexo. A pesquisa foi publicada no dia 11 na revista Cell Stem Cell.

De acordo com a Nature, algumas espécies de pássaros, peixes e lagartos conseguem se reproduzir usando apenas um sexo ou um indivíduo, algo que, para os mamíferos é impossível pois precisam de membros do sexo oposto para criar a próxima geração.

“Estamos interessados na questão de os mamíferos apenas puderem se submeterem à reprodução sexual”, conto Qi Zhou, coautor do estudo.

Na pesquisa, os cientistas tiveram que enfrentar um complicado processo de modificação genética ao eliminar todas as anormalidades geradas no processo reprodutivo de casais do mesmo sexo.

Genericamente, todos os mamíferos herdam dois conjuntos de genes, um de cada genitor – um do pai e outro da mãe. Contudo, existe um grupo químico do DNA associado ao sexo chamado “impressão genética”, herdado apenas de um dos progenitores.

Nesse caso, o subconjunto do outro genitor está inativo, uma vez que quando tenta transmiti-lo é automaticamente apagado pela existência daquele cedido pelo outro genitor.

As anomalias nos filhotes surgem quando esse processo não é concluído de forma adequada. Misturar material genético de filhotes do mesmo sexo pode apresentar elevados riscos para os bebês que recebem a importação genética.

No estudo, os cientistas conseguiram reproduzir 29 filhotes a partir de 210 embriões, utilizando conjuntos de DNA de ratos fêmeas. Nesse lote, os filhotes conseguiram sobreviver até a idade adulta e ainda se reproduzir com normalidade.

No entanto, os ratos exclusivamente provenientes de material genético masculino só conseguiram sobreviver durante 48 horas.

Segundo a Science Media Centre, Dusko Ilic, cientista da King’s College de Londres, considerou que a pesquisa da Academia Chinesa “abre caminho sobre diferentes aspectos da reprodução entre mamíferos e abre novas portas para futuras pesquisas”.

“Os autores deram um passo extremamente importante para que possamos entender o porquê de os mamíferos apenas puderem se reproduzir sexualmente”, explicou Christophe Galichet, pesquisador do Instituto Francis Crick, sediado em Londres.

De acordo com o Observador, essa é a primeira vez que o método é aplicado com sucesso e a pesquisa da Academia Chinesa poderá melhorar o processo de clonagem nos mamíferos e nos tratamentos de fertilidade para o mesmo sexo.

Os riscos

Apesar do importante avanço, os cientistas estão céticos quanto à capacidade de utilizar a técnica em humanos. “A maioria, se não todos os embriões, que foram desenvolvidos eram anormais e não podiam sobreviver”, contou Jacob Hanna, geneticista molecular do Instituto Weizmann para a Ciência em Rehovot, em Israel.

Os autores da pesquisa apenas obtiveram uma taxa de sucesso de 14% nos embriões provenientes das mães e 2,5% nos embriões dos pais. “Penso que será quase impossível que isso seja permitido numa aplicação clínica“, contou Hanna.

“Quando reproduzimos, queremos que todos os fatores tenham um bom resultado”, disse Allan Spradling, biólogo reprodutivo no Instituto Carnegie para a Ciência, em Baltimore, que acrescenta: “nada indica quão normais são esses ratos, ou quão suscetíveis são às doenças”.

“Não acho que a pesquisa possa levar as pessoas a terem, geneticamente, dois pais ou duas mães”, contou Spradling. “Nós não entendemos suficientemente bem e pode ser muito arriscado levar a experiência tão longe“, acrescentou.

Ciberia // ZAP

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