Os restos mortais do jornalista saudita Jamal Khashoggi teriam sido encontrados nesta terça-feira (23), informa a Sky News, no jardim da casa do cônsul da Arábia Saudita em Istambul.
A Sky News cita fontes anônimas, que adiantam ainda que Jamal Khashoggi apresentava cortes no corpo e o rosto “desfigurado”.
A informação surge depois de, nesta manhã, o presidente da Turquia garantir que não tem dúvidas: Khashoggi foi vítima de um crime atroz e premeditado. Recep Tayyip Erdogan, garantiu que o jornalista saudita foi vítima de um crime “atroz” e “violento”, planejado com dias de antecedência pelos sauditas.
“Até agora, as informações e provas que temos indicam que Jamal Khashoggi foi assassinado de forma atroz e violenta e, encobrir tal atrocidade, prejudicará a consciência de toda a humanidade”, disse o presidente no Parlamento turco, esclarecendo, contudo, que ainda é cedo para fazer acusações.
“Temos a certeza de que ele foi assassinado no consulado”, começou dizendo aos deputados depois de prestar condolências à família do jornalista.
De acordo com Erdogan, Khashoggi foi vítima de um “assassinato planejado antecipadamente”, realizado por 15 pessoas que chegaram à Turquia, em voos separados, exatamente para esse fim.
Erdogan disse ainda aos deputados que houve duas equipes envolvidas no crime, uma das quais com nove membros – incluindo generais – que voaram da Arábia Saudita. As autoridades da Turquia tiveram conhecimento do desaparecimento do jornalista depois de uma denúncia da noiva, que temia pela vida do noivo.
O presidente revelou também que na manhã de 2 de outubro – dia em que o jornalista desapareceu – esse grupo ligou para Khashoggi que, após o contato telefônico, dirigiu-se ao consulado em Istambul, onde entrou por volta do meio-dia e nunca mais foi visto.
Turquia quer mais respostas
Erdogan reiterou que o crime não pode ser encoberto e pediu a Ríade mais respostas, acusando as autoridades sauditas de impedirem a investigação. “As provas sugerem que Khashoggi foi vítima de um assassinato horrível e de uma atrocidade que não pode ser encoberta”, afirmou o presidente.
“Por que foram dadas tantas explicações incoerentes?”, questionou Erdogan, referindo-se às várias versões que foram sendo dadas pelo reino saudita.
O presidente da Turquia deixou várias perguntas à Arábia Saudita.
“Por que estava uma equipe composta por 15 sauditas na Turquia? Por ordens de quem? Por que o consulado não foi aberto aos investigadores imediatamente? Por que existiram tantas declarações diferentes dos sauditas? Quem é o colaborador local que se livrou do corpo de Khashoggi? Os sauditas têm que responder a todas estas questões”, indagou o presidente turco, citado pelo jornal Público.
Erdogan perguntou ainda por que o corpo do jornalista ainda não foi encontrado, exigindo aos responsáveis que indicassem seu paradeiro.
“Apelo à Arábia Saudita, ao rei Salman, guardião das duas mesquitas: o local onde o crime foi cometido foi Istambul. Peço que envie esses 18 detidos para serem julgados em Istambul. A decisão é sua, mas essa é a minha proposta, meu pedido”, disse Erdogan, confirmando as 18 prisões anunciadas pelas autoridades sauditas.
Erdogan apelou a uma “investigação imparcial”, com a cooperação de outros países, de forma a descobrir tudo o que aconteceu. “Eu não duvido da sinceridade do rei Salman. Dito isto, é preciso uma investigação independente. Esse foi um homicídio político”, declarou.
A Arábia Saudita acabou admitindo no sábado (20) que o jornalista, crítico do poder em Ríade e colaborador do jornal The Washington Post, foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul.
No domingo (21), em um discurso proferido numa cerimônia pública, Erdogan disse pretender “que se faça justiça” e que “toda a verdade será revelada nua e crua”.
Ciberia, Lusa // ZAP