O fotojornalista egípcio foi distinguido, na quarta-feira (2), com o Prêmio Liberdade de Imprensa 2018 da UNESCO. Uma distinção que não poderá receber por estar preso em um país considerado “uma das maiores prisões do mundo para jornalistas”.
A história de Mahmoud Abu Zeid começa no dia 14 de agosto de 2013, quando as forças de segurança invadiram as praças al-Nahda e Rabaa al-Adawiya, no Cairo, ocupadas na maioria por apoiadores do presidente deposto, Mohamed Morsi, que tinha sido afastado pelo exército, escreve o Expresso.
Falamos do massacre de Rabaa, no qual pelo menos mil pessoas teriam morrido, na sequência da violenta invasão das autoridades egípcias, na época sob o comando do general Abdel Fattah el-Sisi, agora presidente do país.
O fotojornalista egípcio, também conhecido como Shawkan, foi preso durante as operações de dispersão na Praça Rabaa Al-Adawiya. Na época, ele trabalhava como freelancer, mas seu trabalho já tinha sido publicado em veículos como a revista Time, a BBC ou os jornais Bild, Die Zeit e The Sun.
Segundo o semanário, ele passou mais de dois anos na prisão, sem qualquer acusação, e foi sujeito a terríveis condições, tendo ficado desnutrido, anêmico, deprimido e onde ainda “ganhou” uma hepatite C.
Em 2015, em carta enviada à Deutsche Welle, Shawkan destacou o pesadelo que vive só porque fazia o próprio trabalho: “Estou vivendo em uma cela minúscula sob condições severas que um animal não suportaria, com falsas acusações sem base na verdade, e misturado com manifestantes presos”.
“Sou um jornalista, não um criminoso”, seria a frase que terminava a emotiva carta.
Na quarta-feira, o fotojornalista foi distinguido com o Prêmio Liberdade de Imprensa 2018 da UNESCO, que começou a ser atribuído em homenagem a Guillermo Cano Isaza, jornalista colombiano assassinado em 1986 em frente da redação onde trabalhava.
“A escolha de Mahmoud Abu Zeid presta tributo à sua coragem, resistência e compromisso com a liberdade de expressão”, disse Maria Ressa, presidente do júri que atribui o prêmio de 25 mil dólares, citada pelo Expresso.
No entanto, a distinção não passará disso mesmo. Shawkan continua preso e corre o risco de ser executado nos próximos tempos, em um país que atualmente ocupa a 161ª posição, de um total de 180 países, no índice de liberdade de imprensa elaborado pelos Repórteres Sem Fronteiras.
O país é considerado pela organização como “uma das maiores prisões do mundo para jornalistas”.
Ciberia // ZAP