Sul-coreanos que queriam reencontrar família morrem sem realizar o sonho

simonhn / Flickr

Famílias na fronteira entre a Coreia do Norte e a do Sul em Panmunjom, na Zona Desmilitarizada da Coreia

Famílias na fronteira entre a Coreia do Norte e a do Sul em Panmunjom, na Zona Desmilitarizada da Coreia

Desde 1953, mais de 129 mil cidadãos da Coreia do Sul cadastraram-se para rever os parentes na Coreia do Norte após a guerra; mais da metade dessas pessoas morreram sem a reunião; da lista original, 55% passaram dos 80 anos.

O Escritório da ONU de Direitos Humanos pediu uma ação urgente para reunir famílias coreanas separadas há mais de 60 anos depois da Guerra da Coreia entre 1950 e 1953.

Ao comentar um relatório sobre o tema, o alto comissário Zeid Al Hussein disse que “o peso emocional, psicológico, social e econômico da separação involuntária persiste até hoje”. Segundo ele, as pessoas continuam buscando a “verdade e o contato com parentes”.

Sequestros

O relatório intitulado “Dilacerados” foi divulgado esta quarta-feira pela agência da ONU. O documento examina as formas complexas dessa separação, que envolveram deslocamento, des aparecimento forçado, sequestros e a fuga de pessoas da Coreia do Norte.

Num caso semelhante, numa entrevista à TV ONU, (em inglês), a norte-coreana Chanyang Ju, de 25 anos contou como conseguiu fugir do país, separada dos irmãos.

Ju disse que teve que atravessar um rio a nado para chegar à China, depois cruzar o território chinês até alcançar a Tailândia.

Superstição

De lá, ela viajou para a Coreia do Sul, onde finalmente se reencontrou com o resto dos irmaõs.

Já Park Dong-yeol, de 85 anos, fugiu da Coreia do Norte em 1950. Ela pretendia tomar um barco que ia para a Coreia do Sul, mas foi impedida na última hora.

O motivo foi uma superstição da época de que uma mulher poderia amaldiçoar a embarcação. Park foi obrigada a ir a pé à Coreia do Sul. Ao chegar ao país, foi tratada como suspeita de espionagem e passou a ser vigiada pela polícia.

Esperança

No novo país, Park se casou, mas diz ter perdido a esperança de rever a família na Coreia do Norte.

Segundo as Nações Unidas, desde 1953, mais de 129 mil pessoas se inscreveram para conseguir reencontrar os familiares na Coreia do Norte. Mais da metade morreu sem realizar o sonho.

Dessa lista original, 55% já passaram dos 80 anos.

100 famílias

Desde 2000, um acordo entre os dois países levou a reuniões acompanhadas de 100 famílias de cada lado. Mas de acordo com alguns participantes, os encontros são controlados e não há muita liberdade.

Ji Eungyeong, de 88 anos, é uma dessas participantes. Ela contou que em 2015 quase não conseguiu falar com sua filha num corredor onde estavam por causa da presença de terceiros. Ela foi obrigada a deixar a filha há 64 anos ao fugir da Coreia do Norte.

O número de pessoas que escaparam da Coreia do Norte e chegaram à Coreia do Sul tem diminuído desde 2008 por causa do aumento da segurança na fronteira entre as duas nações.

Trabalho forçado

O relatório afirma que as pessoas capturadas tentando fugir são sujeitas a sentenças de trabalho forçado e outras punições. Os parentes daqueles que fogem podem acabar sob risco de retaliação e ameaças das autoridades nortecoreanas.

O relatório deixa claro que a responsabilidade na solução da questão das famílias pertence aos dois países e que a Coreia do Norte deve adotar medidas concretas para localizar e repatriar as pessoas sequestradas.

O documento afirma que o principal obstáculo à implementação das recomendações da ONU é o aumento das tensões militares e políticas na região da Península Coreana.

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