De acordo com uma nova pesquisa, os homens vegetarianos correm maior risco de entrar em depressão do que os que comem carne. O estudo foi feito em mais de 9.600 homens pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA.
Um estudo dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA mostrou que os homens que contaram ser vegetarianos ou veganos tiveram pontuações significativamente maiores em uma escala de medição de depressão do que os não vegetarianos.
Além disso, significativamente mais pessoas vegetarianas e veganas apresentaram uma pontuação acima de 10, o equivalente a depressão leve a moderada. “As deficiências nutricionais (por exemplo, falta de vitamina B12 ou de ferro) são uma possível explicação para isso”, especularam os cientistas.
O autor principal do estudo, Joseph R. Hibbeln, chefe interino da Seção de Neurociências Nutricionais no Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo no NIH, acrescentou que, como a carne vermelha é rica em vitamina B12, esse nutriente pode ter desempenhado um papel importante nos resultados.
“Se alguém optar por ser vegetariano ou optar por comer menos carne, deve seguir as recomendações para garantir que tenha um bom estado de vitamina B12”, disse o Dr. Hibbeln ao Medscape Medical News.
Dietas vegetarianas já foram associadas a vários benefícios para a saúde, mas pouco se sabe sobre os benefícios ou riscos para a saúde mental, observam os cientistas.
“As dietas vegetarianas têm sido associadas à diminuição dos riscos de morte cardiovascular, obesidade e diabetes, levando a perguntas sobre se os potenciais benefícios se estendem à saúde mental ou, em contraste, se a ingestão diminuída de nutrientes que são abundantes em alimentos excluídos causa consequências adversas para o bem-estar mental”, afirmam os cientistas.
Estudos anteriores
Pesquisas anteriores mostraram que níveis baixos de vitamina B12 e B9 estão associados a um risco maior de depressão e “uma meta-análise sugere que a intervenção com vitamina B12 pode prevenir sintomas depressivos em populações especializadas”, relatam os pesquisadores. No entanto, são necessários mais e melhores ensaios para aprofundar essas questões.
Os resultados de agora começaram a ser obtidos no início da década de 90. O estudo populacional Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC) registrou 14.541 mulheres grávidas que viviam no Reino Unido.
Os questionários pediram informações básicas, como a dieta alimentar dos participantes. Como relativamente poucos dos homens se declaravam veganos (39 deles), veganos e vegetarianos foram combinados em um único grupo (350 indivíduos, 3,6% do total).
Os homens, entre as semanas 18 e 20 da gestação das parceiras, também preencheram a Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS), um questionário criado para verificar se as mulheres possuem depressão pós-parto. Um resultado maior que 10 indicava uma alta probabilidade de depressão leve a moderada.
Os resultados mostraram que para o grupo vegetariano e vegano, o resultado médio do EPDS foi de 5,26, contra um resultado médio 4,18 para o grupo não vegetariano.
Além disso, 12,3% dos vegetarianos ou veganos contra 7,4% do grupo não vegetariano apresentaram um resultado maior que 10. E 6,8% contra 3,9% tiveram uma pontuação maior que 12, significando uma provável depressão grave.
Os cientistas observam que nem todos os indivíduos que se identificam como vegetarianos comem as mesmas coisas, especialmente quando se trata de peixe, ovos e produtos lácteos. Não surpreendentemente, os não vegetarianos nesta análise comeram mais carne, salsichas, aves e peixe branco do que o grupo vegetariano. Mas os números de pessoas que comiam peixes oleosos e moluscos nos dois grupos eram bastante parecidos.
“Este é o primeiro grande estudo epidemiológico que mostra uma relação entre vegetarianismo e sintomas depressivos significativos entre homens adultos. Uma vez que a exclusão da carne vermelha caracteriza principalmente os vegetarianos, as menores ingestões de vitamina B12 merecem consideração como fator contribuinte para a depressão”, acrescentam os cientistas.
Ainda assim, o grupo observou que “a causalidade reversa não pode ser descartada”. Hibbeln disse que mais estudos, especialmente ensaios controlados randomizados, são definitivamente necessários.
Mas o especialista está otimista em relação ao futuro – segundo ele, a primeira conferência da Sociedade Internacional de Pesquisa em Psiquiatria Nutricional (ISNPR), realizada na metade de 2016, atraiu mais de 500 participantes.
Ciberia // HypeScience / ZAP