“A humanidade não precisa mais de Deus, mas pode desenvolver uma nova forma de consciência coletiva, com a ajuda da inteligência artificial, que cumpra a função da religião”, disse o escritor norte-americano Dan Brown nesta quinta-feira (12).
Brown fez a afirmação provocativa na Feira do Livro de Frankfurt, onde está divulgando seu novo romance, Origem, o quinto do personagem Robert Langdon, professor de simbologia de Harvard que também protagonizou O Código da Vinci, livro que questionou a história da cristandade.
“Origem” foi inspirado pela pergunta “Será que Deus sobreviverá à ciência?”, disse Brown, acrescentando que isso jamais aconteceu na história da humanidade. “Será que somos ingênuos hoje por acreditar que o Deus do presente sobreviverá e estará aqui em cem anos?”, indagou Brown, de 53 anos, em uma coletiva de imprensa lotada.
Transcorrido na Espanha, Origem começa com a chegada de Langdon ao Museu Guggenheim de Bilbao para acompanhar o anúncio de um bilionário futurista recluso que promete “mudar a face da ciência para sempre”.
Os acontecimentos logo tomam um rumo inesperado, dando ensejo a um enredo que permite ao autor visitar os sítios históricos do país – inclusive Barcelona, capital da Catalunha, região do nordeste espanhol atualmente em crise devido a uma iniciativa separatista.
Brown, que estudou história da arte em Sevilha, expressou sua preocupação e sua simpatia pelos dois lados do impasse político. “Amo a Catalunha. Amo a Espanha. Espero que eles resolvam isso. É uma situação de partir o coração, mas também é um sinal dos tempos”, disse Brown, acrescentando que a crise também reflete a tensão entre o antigo e o moderno na sociedade.
O escritor, que vendeu 200 milhões de livros em 56 línguas, admitiu que não lê um romance há cinco anos, mas que investigou profundamente e passou muito tempo conversando com futuristas para criar a trama de Origem.
Ele reconheceu que suas opiniões não serão bem acolhidas pelos clérigos, mas pediu uma harmonia maior entre as grandes religiões e aqueles que não professam nenhuma fé. “O cristianismo, o judaísmo e o islamismo compartilham um evangelho, liberalmente, e é importante que todos nós o percebamos”, afirmou, citado pelo G1.
“Nossas religiões são muito mais parecidas do que diferentes”, concluiu.
Voltando-se para o futuro, Brown opinou que a mudança tecnológica e o desenvolvimento da inteligência artificial transformarão o conceito do divino.