Anna Muzychuk, que detém dois títulos de campeã mundial, não vai ao campeonato mundial de xadrez que começou nesta terça-feira (27) na Arábia Saudita. A ucraniana se recusa a vestir a abaya.
A ucraniana Anna Muzychuk, de 27 anos, Campeã Mundial de Xadrez, anunciou no último sábado que não participará do campeonato mundial que se disputa este ano na Arábia Saudita, de 26 a 30 de dezembro.
O motivo é a abaya, a túnica tradicional que as sauditas são obrigadas a vestir quando se apresentam em público. A jovem campeã mundial se recusa a vestir a traje feminino saudita. Em uma postagem no Facebook, a campeã explicou publicamente o motivo da decisão.
“Em poucos dias vou perder dois títulos mundiais, um a um. Apenas porque decidi não ir à Arábia Saudita. Por não jogar com as regras dos outros, por não usar abaya, por não ter que ir acompanhada à rua, e finalmente por não me sentir uma criatura secundária”, lê-se na publicação.
Na imagem, Anna surge com duas medalhas recebidas no ano passado. “Há um ano ganhei estes dois títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas agora me sinto muito mal. Estou preparada para lutar pelos meus princípios e faltar neste evento, onde, em cinco dias, esperava ganhar mais do que em uma dezena de competições”, escreve.
Anna pretende marcar uma posição, demonstrando as diferenças existentes nos países no que diz respeito às mulheres. “Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é quase ninguém se importar realmente. Este é um sentimento amargo, mas ainda não é o que vai mudar a minha opinião e meus princípios”, escreveu a campeã.
A irmã de Anna, Mariya Muzychuk, seguiu seus passos: tanto no xadrez como também nas convicções. Ambas se recusaram a estar presentes no campeonato mundial este mês. “Estou muito feliz por compartilharmos este ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam – vamos voltar!”, promete.
Em março, Anna Muzychuk participou no Campeonato Mundial Feminino que ocorreu no Irã, se apresentando com a cabeça escondida. Oito meses depois, no Facebook, a xadrezista mostrou seu desagrado pela localização do campeonato, novamente em um país com restrição de liberdade para as mulheres.
“Tudo tem limites e os lenços na cabeça no Irã foram mais do que suficientes”, argumenta a campeã mundial de xadrez.
Ciberia // ZAP