O juiz Yale Sabo Mendes, da Sétima Vara Cível do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, considerou que houve “tortura” física e emocional contra Walmor Ferreira, que perdeu parte da gengiva e da estrutura óssea da região bucal ao participar do quadro “Arruma meu Marido”, no Programa do Faro em 2011. A emissora e o apresentador foram condenados a pagar R$ 137,87 mil por danos morais, estéticos e materiais à vítima.
Ferreira afirma que foi inscrito pela sua esposa para participar do quadro, que faz uma “repaginação” no visual da pessoa. Ao ser selecionado, viajou de Cuiabá para São Paulo, onde passou por procedimentos estéticos como tratamento dermatológico, limpeza de pele, aplicação de botox, corte de cabelo, barbas e visitou uma clínica odontológica parceira da emissora.
A sentença diz que, no entanto, “ao invés de realizar o tratamento dentário, [a clínica] optou por extrair 12 dentes no período de 2 dias, ocasionando-lhe tanta dor que nem imensas doses de anestésicos foram capazes de amenizá-la. Afirma que a dor era tão intensa que solicitou ao gerente do hotel em que estava hospedado para que, de hora em hora, entrasse em seu quarto para verificar se estava tudo bem”.
A vítima contou que foi coagido a participar das gravações do programa ao tentar desistir por estar “se sentindo enganado e humilhado”. Disse ter tido instruções da produção para não fazer movimentos bruscos, “uma vez que a prótese móvel (dentadura) poderia se soltar da gengiva e poria fim à farsa a que fora submetido”. Ele passou quatro meses se alimentando apenas de produtos líquidos.
Ainda segundo consta na ação, o único auxílio que recebeu da emissora foi uma prótese dentária móvel enviada pelos correios – que não pôde ser utilizada por não fixar na boca “em razão de a gengiva ter sido praticamente mutilada pela dentista do programa”.
A Record alegou que, “antes de sua participação no programa, ele já não possuía a maioria dos dentes e que foi instalada uma prótese provisória enquanto seria confeccionada outra de material mais refinado, a qual foi enviada pelo correio, que é uma forma habitual de entrega do material”.
Ciberia // Revista Fórum