Afinal, os neurônios não se formam ao longo de toda a vida

Uma equipe de cientistas sugere que a neurogênese diminui durante a infância e é indetectável em adultos, contrariando assim a tese de que ocorre ao longo de toda a vida.

A conclusão consta em um novo estudo, divulgado nesta quinta-feira (8), que contraria a tese de que a neurogênese ocorre ao longo de toda a vida.

O estudo, publicado recentemente na Nature, analisou 59 amostras de tecido cerebral de uma região específica, o hipocampo, considerado essencial para a aprendizagem e a memória. É nesta região do cérebro que os cientistas têm, ao longo do tempo, procurado indícios de que novos neurônios continuam a surgir ao longo da vida.

No entanto, a pesquisa contraria o que se pensava até agora: o nascimento de novos neurônios no hipocampo humano reduz na infância e a neurogênese em adultos, observada em aves e roedores, não acontece aparentemente em adultos, nota em comunicado a Universidade da Califórnia, nos EUA, que lidera o trabalho.

“Se a neurogênese é tão rara que não podemos detectá-la nos adultos, poderia estar realmente desempenhando um papel importante na plasticidade ou na aprendizagem e memória no hipocampo?”, questiona Shawn Sorrels, um dos coautores do artigo científico, citado pela universidade.

No estudo foram analisadas 37 amostras de tecido do hipocampo de cadáveres e 22 amostras de tecido da mesma região cerebral removidas cirurgicamente de doentes com epilepsia. As amostras de tecido são de recém-nascidos, crianças, jovens e adultos.

Assim, os pesquisadores estudaram alterações no número de neurônios “recém-nascidos” e de células-tronco neuronais, desde antes do nascimento até a idade adulta, usando uma variedade de anticorpos para identificar células de diferentes tipos e estados de maturidade. A forma e a estrutura das células também foi analisada.

De acordo com as conclusões, ao observar uma média de 1.618 neurônios “jovens” por milímetro quadrado de tecido cerebral no momento do nascimento, a neurogênese abunda no desenvolvimento pré-natal do cérebro e em recém-nascidos.

No entanto, o número de células recém-nascidas cai significativamente nas amostras de tecido cerebral obtidas durante os primeiros anos de vida. O número de novos neurônios em uma criança de dois anos era cinco vezes menor do que o verificado em recém-nascidos.

O declínio do processo de formação de novos neurônios no cérebro continua na infância, com o número de novas células diminuindo 23 vezes entre um e os sete anos de idade e mais 15 vezes aos 13 anos, idade em que os neurônios parecem ser mais maduros do que os observados nas amostras de cérebros ainda mais jovens.

Os autores do estudo chegaram também à conclusão de que havia apenas 2,4 novos neurônios por milímetro quadrado de tecido do hipocampo no começo da adolescência, não tendo encontrado vestígios de neurônios recém-formados em nenhuma das amostras de tecido cerebral de cadáveres de jovens de 17 anos ou das amostras de tecido extraídas cirurgicamente de 12 doentes adultos com epilepsia.

Ao focarem nas células-tronco neuronais, os cientistas descobriram que elas são abundantes durante o desenvolvimento cerebral pré-natal, mas já extremamente raras no início da infância.

Ciberia // ZAP

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