A “aldeia das mulheres livres”, situada no norte da Síria, quer ajudar as sírias a recomeçar uma nova vida, longe da guerra e em uma comunidade ecológica e autossuficiente.
No norte da Síria, a cerca de 60 quilômetros de distância de Aleppo, surgiu Jinwar, a chamada “aldeia das mulheres livres”. Na vila, só vivem pessoas do sexo feminino, que sozinhas arregaçaram as mangas para fugir da guerra e dos homens.
Pelo menos, é isso que conta à TSF Nujin Derya, estudante alemã de 27 anos que chegou à “terra livre” há cerca de um ano e meio, quando a aldeia estava ainda no início da construção.
“A ideia é criar um lugar onde mulheres de diferentes origens podem viver juntas, em comunidade, de uma forma autossuficiente e ecológica, que cria a possibilidade de tomarem suas vidas nas próprias mãos”, conta a voluntária à rádio.
De acordo com a TSF, a ideia partiu do Movimento das Mulheres Curdas e, rapidamente, recebeu o apoio de várias outras organizações dos direitos das mulheres.
“Quem escolhe vir para a aldeia são, em parte, mulheres que perderam seus maridos na guerra e que têm vários filhos. Outras são mulheres que não querem casar, que têm situações difíceis dentro da família, ou que se divorciaram”, explica a alemã.
Por enquanto, a aldeia ainda está sendo construída (com a ajuda não só de mulheres, mas também de homens). Quando ficar pronta – com 30 casas para cerca de 60 mulheres e crianças –, o objetivo é que membros do sexo oposto não possam ficar.
“É claro que podem visitar e apoiar a aldeia. Mas não podem ser parte da organização básica da vida aqui”, esclarece a voluntária.
Além das doações, o projeto está sendo concretizado, sobretudo, “com aquilo que a terra dá”. Por exemplo, as casas são feitas de terra e palha e toda a alimentação é feita com os produtos cultivados no local.
“Há uma grande horta e espaços para plantar trigo e cevada. Também já plantamos vegetais e árvores de frutas. Tudo é cultivado aqui”, explica Nujin, acrescentando que também está sendo construída uma padaria.
Sobre a administração da aldeia, o objetivo é que seja um trabalho conjunto, com a existência de assembleias periódicas que reúnam todas as habitantes.
“As mulheres podem se autopropor ou serem propostas por outras mulheres para fazer parte da assembleia, respeitando os princípios básicos da democracia“, avança à rádio.
Ciberia // ZAP