A menina que se tornou símbolo da política de imigração de Donald Trump, que tem levado à separação de famílias imigrantes ilegais, e que ganhou capa da revista Time não foi retirada da mãe na fronteira com o México, garante o pai.
A imagem da pequena hondurenha Yanela Denise em choro, com um casaco cor-de-rosa, olhando para a mãe, foi feita durante a detenção de um grupo que tentava cruzar ilegalmente a fronteira.
A fotografia foi amplamente divulgada pela mídia e nas redes sociais e, em uma montagem feita para a capa da Time, Yanela foi colocada em frente ao presidente Donald Trump, que a observa do alto, com a legenda ao lado “Bem-vinda à América”.
No entanto, a icônica foto não representa na realidade uma das centenas de crianças recentemente separadas dos pais e colocadas em campos de detenção junto à fronteira entre os EUA e o México.
A fotografia da menina foi captada no dia 12 de junho na cidade de McAllen, no Texas, por John Moore, um fotógrafo que já venceu o Prêmio Pulitzer. Moore contou à BBC que, momentos antes de ser detida, a mãe amamentava a criança.
Mãe e filha chegaram aos EUA de barco, através do Rio Grande, que faz fronteira entre o México e os EUA. Moore afirma que foram levadas juntas por agentes da Patrulha de Fronteira.
A foto gerou revolta contra as medidas anunciadas, em abril, pela presidência de Trump, que preveem que crianças sem documentação, detidas na fronteira entre EUA e México, possam ser separadas dos pais, e ajudou a impulsionar 17 milhões de dólares em doações.
Mas a menina e a mãe nunca foram separadas, segundo confirma o pai da criança, Denis Valera, em declarações à agência de notícias Reuters. O homem diz que as duas foram detidas juntas na fronteira da cidade de McAllen, quando a mulher tentava pedir asilo.
Valera afirma também que a mãe e a filha deixaram a cidade hondurenha de Puerto Cortes sem avisá-lo, deixando para trás os três outros filhos do casal, que têm 14, 11 e seis anos de idade, segundo anunciou o Daily Mail.
A revista Time continua a defender sua capa, declarando que não foi à toa que a menina hondurenha se tornou o “símbolo mais visível do atual debate sobre a imigração na América”. “Nossa capa e reportagem capturam o que está em jogo neste momento”, escreveu o editor-chefe, Edward Felsenthal, em nota enviada à CNN.
O presidente Donald Trump, por sua vez, acusou os democratas de fazerem política com “uma história falsa de dor e tristeza”.
Cerca de 2,3 mil crianças foram retiradas das famílias desde que a política de “tolerância zero” de Trump, em relação à imigração ilegal, começou em maio. Elas foram colocadas em centros de detenção provisórios administrados pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos EUA.
Alguns abrigos, incluindo três no Texas, recebem crianças com menos de cinco anos de idade. Cerca de 500 voltaram às famílias desde maio, informou o Departamento de Segurança Interna dos EUA, mas o desespero e o choro de muitas continuam.