Teria sido o poeta chileno Pablo Neruda envenenado alguns dias após o golpe militar de 11 de setembro de 1973? É o que acredita a família do Prêmio Nobel de Literatura de 1971. Ela acusa o serviço médico-legal do Chile de atrasar os andamentos das análises.
A família acredita que Pablo Neruda, poeta comunista e simpatizante notório do presidente deposto Salvador Allende, tenha sido envenenado. Em 2013, o corpo de Neruda foi exumado para que fosse verificado se tinha morrido ou não em decorrência de um câncer.
Mas falta ainda um aval final para confirmar com exatidão os resultados dos exames. A família do poeta acusa o Instituto Médico Legal de Santiago de fazer obstrução à justiça.
Três pequenos frascos de laboratório, cheios de terra, é o que falta para fechar as investigações científicas do caso Neruda. Há dois anos, um grupo de especialistas internacionais detectaram uma grande presença de uma substância paralisante no corpo do poeta. Mas era preciso analisar o solo em torno da tumba do militante comunista, para se ter certeza absoluta de que a contaminação não era posterior à morte.
Uma nova análise de amostras
Mas segundo o advogado da família, Rodolfo Reyes, que também é sobrinho do poeta, o serviço médico-legal vem se recusando à colocar as amostras à disposição da justiça. Ele declarou à RFI:
“O instituto médico-legal afirmava que não tinha mais as amostras, que teriam sido usadas em outras análises. Mas em uma busca oficial no dia 25 de julho, ordenada pelo juiz Mario Carroza ao serviço médico-legal, as amostras foram encontradas. É inexplicável que o serviço tenha mentido ao juiz. Isso teve consequências muito negativas”.
Uma delas foi o atraso de vários meses nas investigações. A partir de agora, a família de Neruda tem esperanças que as amostras sejam enviadas rapidamente a um laboratório canadense, que deverá efetuar os últimos exames relativos ao caso.
// RFI