O presidente de Israel Reuven Rivlin solicitou na noite desta quarta-feira ao ex-chefe comandante do Exército Benny Gantz para tentar formar um novo governo e superar o mais longo impasse político da história do país.
O pedido acontece após o fracasso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em costurar uma coligação que garantisse a sua permanência no poder.
O presidente Reuven Rivlin fez o anúncio em um pronunciamento ao vivo na mídia. Ele afirmou que os partidos israelenses devem fazer concessões para aceitar alianças e superar a crise. Benny Gantz, do partido Azul e Branco de centro esquerda, prometeu “formar um governo de união liberal”. “Liberal” significa dizer sem a influência de partidos religiosos, aliados de Benjamin Netanyahu.
Como Netanyahu, ele terá 28 dias para costurar uma coalizão, mas pode enfrentar as mesmas dificuldades que seu adversário. Benny Gantz venceu as eleições de 17 de setembro, mas não tem maioria no Parlamento. Seus aliados da esquerda e o apoio de alguns parlamentares árabes israelenses não lhe são suficientes para garantir os 61 parlamentares necessários para formar um governo viável.
Os negociadores do partido Azul e Branco e do Likud, do premiê conservador Netanyahu, devem se encontrar nesta quinta-feira (24) para buscar um acordo. Um governo de união parece ser uma das únicas soluções para impedir que Israel volte às urnas pela terceira vez em 2019. O país está mergulhado num impasse político desde as primeiras eleições legislativas de abril.
Evitar novas eleições
O presidente israelense prometeu na noite desta quarta-feira que fará tudo para evitar novas eleições. Se Benny Gantz fracassar em um mês, ele poderá pedir à maioria dos deputados a indicação de um candidato. Mas analistas acreditam que uma nova votação seria quase inevitável.
Netanyahu anunciou na segunda-feira que desistia de tentar formar uma nova coalizão. Político veterano, primeiro-ministro por treze anos – incluindo dez sem interrupção – Benjamin Netanyahu acusou seu rival, um novato na política, de ter atrapalhado seus esforços para montar um governo de união nacional. Ele tentava permanecer no poder, apesar de um possível indiciamento por corrupção
Durante as negociações nas últimas semanas, o Likud, partido de direita de Netanyahu, tentou fazer com que os centristas aceitassem um compromisso, elaborado pelo presidente Rivlin, segundo o qual Netanyahu e Gantz se revezariam na posição de chefe de governo.
O líder do Azul e Branco não aceitou a proposta, por considerar que seu partido, que conquistou 33 cadeiras contra 32 para o Likud, deveria ser o primeiro a tentar liderar o governo. Durante a campanha, ele garantiu que não governaria com Netanyahu, visado pela justiça.
Por enquanto, os dois blocos, de direita com 55 deputados e o Azul e Branco com 54, estão irredutíveis. Netanyahu complicou as negociações dizendo que continuaria governando com os partidos religiosos, seus aliados mais leais, uma proposta impossível para os centristas que respaldam Benny Gantz.
// RFI