Estranhos fios gigantescos em galáxia distante intrigam astrônomos

Rhodes University / INAF / SARAO

Cientistas observaram espécies de filamentos de radiação eletromagnética com centenas de milhares de anos-luz de comprimento em uma galáxia distante, uma característica bizarra jamais documentada.

Os pesquisadores estavam de olho na galáxia ESO 137-006, próxima ao centro do aglomerado de galáxias Norma, a 230 milhões de anos-luz de distância de nós. Para estudá-la, utilizaram o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul.

A ESO137-006 brilha muito em ondas de rádio: o buraco negro supermassivo em seu centro libera dois jatos de plasma longos, e as partículas carregadas desses jatos rápidos giram em torno de campos magnéticos, emitindo ondas de rádio ao mesmo tempo. Essa atividade é espetacular, mas completamente esperada.

Acontece que o MeerKAT também observou uma atividade totalmente imprevista: fios enormes de emissões de rádio emergentes deste turbilhão.

Os dois fios quase paralelos parecem se conectar nos finais de cada um dos dois jatos de plasma. E são gigantescos: o mais comprido tem 261.000 anos-luz.

Verdade seja dita, fios semelhantes já foram observados anteriormente no centro da nossa própria galáxia, mas estes são milhares de vezes menores do que os fios da ESO 137-006. E tampouco são bem compreendidos.

Quando notaram os fios gigantes pela primeira vez, os cientistas sequer pensaram que se tratava de uma coisa real – acharam que podia ser um artefato do processamento da imagem. “Passamos muito tempo duvidando dessas estruturas”, disse Mpati Ramatsoku, principal autor do estudo e radioastrônomo da Universidade de Rhodes (África do Sul).

No entanto, exames minuciosos dos dados anularam a possibilidade de que fosse um erro.

De acordo com outro autor do estudo, Oleg Smirnov, do Observatório de Radioastronomia da África do Sul, a assinatura energética dos fios sugere sua constituição: assim como os próprios jatos, suas emissões de rádio provavelmente provêm da espiral de elétrons no campo magnético. Apesar disso, os cientistas não têm a menor ideia de como estes filamentos colossais se formaram.

A trajetória ae ESO 137-006 pela escuridão do universo poderia fornecer algumas respostas aos pesquisadores.

A galáxia está “caindo” em direção ao centro do aglomerado Norma. Uma sopa densa de hidrogênio ionizado, hélio e outros elementos pesados ocupa o espaço entre as galáxias do aglomerado.

É possível que esse “caldo intergaláctico” esteja sendo arrastado junto com a ESO 137-006, fazendo surgir os filamentos magnéticos nos lobos dos jatos de plasma.

Os filamentos também poderiam ser relíquias de atividades mais antigas de jatos, deixadas para trás como os rastros de um avião, mas seu formato não apoia bem essa hipótese.

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