O opositor russo Alexeï Navalny, saiu a 7 de Setembro do coma profundo em que se encontrava desde 20 de Agosto, após ter sido envenenado na Sibéria, o que a ONU considera “crime grave” e “tentativa de assassínio” e exige à Rússia um “inquérito profundo, transparente, independente e imparcial”, Moscovo continua a negar qualquer implicação no envenenamento de Navalny.
Michelle Bachelet, alta-comissária da ONU para os direitos humanos, exigiu esta terça-feira, 8 de Setembro que a Rússia faça um inquérito “profundo, transparente, independente e imparcial” sobre o “crime grave” e “tentativa de assassínio” do opositor russo Alexeï Navalny, envenenado na Sibéria a 20 de Agosto, o que Moscovo continua a negar.
Alexeï Navalny, advogado de 44 anos, e principal opositor de Vladimir Putin, saiu a 7 de Setembro do estado de coma profundo induzido, em que se encontrava desde 20 de Agosto, anunciou em comunicado o hospital La Charité, em Berlim.onde ele está internado desde 22 de Agosto.
A 7 de Setembro Navalny começou a reagir à voz, o seu estado de saúde é encorajador e gradualmente ele vai ser desligado do ventilador, que até agora lhe permite respirar, mas deverá guardar sequelas ainda imprevisíveis da sua intoxicação, segundo o hospital La Charité.
O governo alemão afirmou após análises num laboratório militar, que Alexeï Navalny apresenta de “forma inequívoca evidências da presença do agente químico neurotóxico do tipo Novichok” – substância desenvolvida no tempo da União Soviética e utilizada pela Rússia para envenenar na Grã Bretanha em Março de 2018 o ex-agente duplo russo Sergueï Skripal e a sua filha Yulia – e garante que Navalny foi intoxicado a 20 de Agosto na Sibéria.
O ministério russo dos negócios estrangeiros que acusou neste domingo, 6 de Setembro, a Alemanha de “jogo duplo” e de estar “atrasar o inquérito sem fornecer provas”, qualificou nesta segunda-feira, 7 de Setembro, de “absurdas e inaceitáveis” as tentativas de “associar a Rússia, seja de que forma for ao que se passou” com Alexeï Navalny e anunciou esta terça-feira ter convocado o embaixador alemão em Moscovo
A Alemanha que assume a presidência rotativa da União Europeia, ameaça sanções se a Rússia não fornecer explicações nos próximos dias, com eventuais consequências sobre o controverso projecto de gasoduto Nord Stream 2, um projecto bilionário de 1.200 kms, iniciado em 2011 e destinado a abastecer a Alemanha e a Europa com gás russo.
O projecto Nord Stream 2, muito criticado pelos Estados Unidos, Polónia e Ucrânia, é liderado pela empresa estatal russa Gazprom e nele trabalham uma centena de empresas europeias, cuja maioria é alemã.
A chanceler Angela Merkel concorda com as declarações proferidas pelo ministro das Relações Exteriores Heiko Maas a 6 de Setembro, que no domingo advertiu, que se a Rússia não cooperar na investigação sobre o caso Navalny, a Alemanha será “obrigada” a repensar sua contribuição no projecto de gasoduto Nord Stream 2.
O governo britânico por sua vez, convocou esta segunda-feira, 7 de Setembro o embaixador da Rússia em Londres, a quem manifestou a sua “profunda preocupação com o envenenamento de Alexeï Navalny” afirmando que “é completamente inaceitável, que tenham usado uma arma química proíbida, e a Rússia deve fazer uma investigação completa e transparente”, afirmou o chefe da diplomacia Dominic Raab.
A tensão diplomática entre Londres e Moscovo subiu em 2018 com o caso Skripal, mas já em 2006, um ex-agente secreto russo no exílio na Grã-Bretanha, Alexander Litvinienko, morreu vítima de polónio-210, uma substância radioactiva extremamente tóxica e Londres também acusou Moscovo.
“A União Europeia apela a uma resposta internacional conjunta e reserva-se o direito de tomar as medidas apropriadas, incluindo medidas restrictivas”, declarou o alto representante da UE, Josep Borrell, no dia 3 de Setembro.
Os diferentes governos discutem qual o tipo de sanções a adoptar, que poderiam ser individuais e/ou sectoriais, como sucedeu em 2018 com o caso Skripal.
França e Alemanha, pretendem levar o caso à Organização para a Proibição de Armas Químicas, como sucedeu com a Síria, o que provocou aliás tensões com a Rússia.