O privilégio branco da professora universitária ‘negra’ que enganou todo mundo

Joca Duarte / Creative Commons

Acadêmica voltada para estudos sobre diásporas africanas, a norte-americana Jessica Krug sustentou a carreira sob a alegação de ser negra. Contudo, a professora assistente da George Washington University resolveu se autodeclarar branca e desmentir suas supostas origens.

“Eu construí minha vida em cima de uma violenta mentira antinegra”, escreve Krug em sua página no Medium, segundo notícia da “BBC”. A revelação foi feita pela professora no início de setembro (3/09), em que ela assumiu ter falsamente se apropriado de identidades da negritude norte-africana, norte-americana, caribenha e do Bronx.

“Em um grau crescente na minha vida adulta, eu fui ignorando experiências de vida como uma criança judia branca”, continua Krug.

Segundo a própria, o comportamento mantido representa “a exata epítome da violência, do roubo e da apropriação, de uma infinidade de formas nas quais pessoas não-negras continuam usando e abusando das identidades e culturas negras”.

A acadêmica diz também ter sustentado a mentira até mesmo dentro dos próprios círculos de convivência social e atribui a manutenção da falsa identidade a transtornos de saúde mental e traumas de infância. Contudo, ela não retira nem diminui a própria culpa e responsabilidade sobre os atos.

Autora do livro “Modernidades Fugitivas: Kisama e a Política da Liberdade”, publicado em 2018 com foco na cultura africana e em sociedades de diáspora da África, Krug dedica a carreira acadêmica a temas relacionados a esses universos.

Ainda de acordo com a “BBC”, a confissão de Jessica foi bastante mal-recebida pelos colegas de Academia, alunos e amigos, que expuseram comentários de revolta nas redes sociais e em entrevistas. De acordo com alguns colegas da professora, a revelação não aconteceu por benevolência.

“Veja, ela não apenas tentou se ‘passar’ (precisamos de um termo melhor aqui, ‘se mascarar’?) como latina de ‘El Barrio’, mas também nos disse que seus pais eram viciados e até disse que aconteceram overdoses e tentativas de suicídio durante o período que convivemos”, escreveu Yomaira Figueroa, antropologista política e professora na Hunter College, no Twitter.

O departamento de História da George Washington University já divulgou um comunicado pedindo a renúncia ou rescisão do contrato com a professora Jessica Krug.

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