Uma equipe de cientistas da NASA confirmou que os icônicos anéis de Saturno não são apenas mais recentes do que se pensava, mas também que estão “se perdendo”, atraídos pela gravidade do gigante gasoso – como uma “chuva” de partículas geladas.
No início deste ano, o grupo analisou uma molécula encontrada na atmosfera do planeta usando o telescópio Keck II, localizado no Havaí, e descobriu uma estrutura formada por três átomos de hidrogênio.
O problema é que cerca de 1,9 mil litros de água têm caído no planeta a cada segundo. Essa grande quantidade de chuva pode fazer com que Saturno perca totalmente seus anéis mais rápido do que se esperava.
“Estimamos que essa chuva de anéis drene uma quantidade de água capaz de encher uma piscina olímpica de anéis de Saturno em meia hora”, disse James O’Donoghue, do Goddard Space Flight Center da NASA, em Maryland, EUA.
“Só com isso, todo o sistema de anéis desapareceria em 300 milhões de anos, mas junte-se a queda de materiais dos anéis no equador de Saturno, medida pela sonda Cassini, e os anéis têm menos de 100 milhões de anos de vida“, acrescenta, citado pelo New York Times.
Há muito tempo os cientistas tentam entender se o planeta tem os anéis desde a sua formação ou se os adquiriu posteriormente.
O estudo de O’Donoghue, publicado no início de novembro na revista Icarus, aponta mais para a segunda hipótese, ao calcular que, provavelmente, têm menos de 100 milhões de anos de idade. Se confirmado, os anéis estariam no meio da vida.
As primeiras pistas apontando para a “chuva de anéis” foram captadas pela missão Voyager, há décadas, quando detectou variações peculiares na atmosfera superior de Saturno, variações na densidade dos anéis e um trio de bandas escuras e estreitas em torno de algumas latitudes mais a norte.
Essas faixas foram mais tarde associadas à forma do enorme campo magnético de Saturno, com Jack Connerney, da NASA, propondo a teoria de que partículas de gelo com carga elétrica dos anéis estariam “chovendo” na atmosfera superior do planeta.
Os anéis de Saturno são constituídos essencialmente por uma mistura de gelo, poeira e material rochoso. Jeff Cuzzi, da NASA, afirma que o desaparecimento da estrutura que se localiza em torno de Saturno pode realmente ocorrer, uma vez que a dissipação dos anéis não depende apenas de quanto material ainda está neles, mas de outras forças físicas, das mudanças no planeta e de como o material é reabastecido.
Agora, a equipe quer ver como a “chuva” muda com as estações do ano em Saturno.
À medida que o planeta avança em sua órbita de 29,4 anos, os anéis são expostos ao Sol em graus variados. Como a luz ultravioleta do Sol carrega os grãos de gelo e faz com que reajam ao campo magnético de Saturno, a variação da exposição à luz do Sol pode alterar a quantidade de chuva dos anéis.
Ciberia // ZAP