O espaço interstelar pode conter uma infinidade de luas, que foram jogadas pelos seus planetas para fora de sistemas solares nos primeiros estágios de desenvolvimento, lê-se em um artigo da revista Astrophysical Journal.
“De acordo com nossas estimativas, a maior parte das luas está em órbitas instáveis, enquanto planetas interagem intensivamente um com outro. Apenas entre 10 e 12% delas se tornam satélites, explica Johathan Lunine, pesquisador da Universidade Cornell.
“A maioria delas são jogadas no espaço interstelar, colidem com planetas gasosos ou se tornam ‘planetas’ autônomos, girando, assim, em torno de uma estrela”, acrescenta.
Durante as últimas duas décadas, foram descobertas quase quatro mil planetas girando em torno de estrelas distantes, muitos deles habitam grandes sistemas siderais. Em todo este período, apenas uma exolua foi descoberta, bem como vários candidatos a se chamar assim, girando em torno de “exoplanetas”, que foram também “expulsos” de sistemas solares.
O primeiro satélite de um planeta fora do Sistema Solar foi descoberto em julho deste ano. Essa lua gira em torno do planeta Kepler-1625b, análogo de Saturno. São necessários 287 dias para que ela dê uma volta completa ao redor do planeta, estando praticamente no meio da “zona de vida”.
Esta descoberta, bem como a ausência de outras luas nos dados do Kepler-1625b, impulsionou questionamento entre astrônomos sobre quão frequentemente exoplanetas possuem satélites, se estes têm ou não sinais de vida na superfície, e por que durante todo este tempo foi descoberto apenas um único satélite natural.
Para obter respostas para estas perguntas, cientistas criaram um modelo computacional de um típico sistema sideral, onde planetas e luas apenas começaram a se formar. Os resultados do estudo foram publicados este mês no site da Universidade Cornell.
Ao observarem o processo evolutivo, os pesquisadores descobriram uma característica interessante da vida de satélites de exoplanetas – a maior parte deles, aproximadamente 90%, desaparece durante um dos períodos mais intensos de desenvolvimento de sistemas siderais, quando planetas recém-nascidos se aproximam e começam a “empurrar” os outros, tentando jogar seus “vizinhos” no espaço aberto.
Como resultado, apenas uma pequena quantidade de luas, que possui características muito específicas, consegue sobreviver. Elas devem ser de um tamanho específico e se situar a certa distância do planeta para que possam sobreviver a este estágio de formação de planetas.
Segundo Lunine e seus colegas, isso explica por que astrônomos conseguiram descobrir apenas uma lua deste tipo, já que a maior parte delas foi “catapultada” ao espaço interstelar ou destruída durante interações gravitacionais.
Os cientistas adicionaram também que no vazio entre estrelas pode haver milhões de luas, pois a proporção é clara: a cada mil estrelas há aproximadamente cem luas “abandonadas”.