Em meio a impasse com Merkel sobre imigração, ministro do Interior afasta Jutta Cordt da presidência do Bamf. Denúncias de irregularidades em concessões de refúgio a migrantes abalaram a credibilidade do órgão.
Em meio a escândalos de concessão ilegal de refúgio na Alemanha, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, decidiu demitir a presidente do Departamento Federal para Migração e Refugiados (Bamf), Jutta Cordt, segundo revelou a imprensa do país nesta sexta-feira (15/06).
Um porta-voz do Ministério do Interior declarou que Cordt foi comunicada sobre sua demissão por Seehofer na última quarta-feira. O nome do novo presidente do órgão, que está atrelado ao ministério alemão, deve ser anunciado em breve, acrescentou o funcionário.
A chefe do Bamf – agência responsável por processar, analisar e autorizar ou recusar os pedidos de refúgio de migrantes que chegam à Alemanha – vinha sendo alvo de críticas desde a revelação de supostas irregularidades em concessões de refúgio no escritório da agência em Bremen.
Segundo as suspeitas, ao menos 1.200 autorizações de refúgio teriam sido concedidas sem base legal para estrangeiros que não preenchiam as devidas qualificações, muitos deles membros da etnia yazidi ou sírios. O foco das investigações é uma ex-funcionária do Bamf em Bremen, que teria recebido subornos para conceder autorizações.
As denúncias datam de 2013 a 2016, sendo que Cordt só assumiu a presidência do departamento federal em 2017. Segundo a deputada alemã Linda Teuteberg, do oposicionista Partido Liberal (FDP), a presidente demitida serviu de “bode expiatório” no escândalo.
Já a deputada Andrea Lindholz, da União Social Cristã (CSU), mesmo partido de Seehofer, opinou que Cordt “fez um bom trabalho, mas substituí-la [na chefia do Bamf] é a única maneira de restabelecer a confiança para um novo começo“.
A decisão do ministro alemão do Interior ocorre num momento de tensões com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, sobre o tema imigração: enquanto ele quer endurecer as políticas migratórias e o controle das fronteiras do país, a chefe de governo se opõe à ideia.
Seehofer exige, como parte de um novo “plano diretor para a migração”, que as forças de segurança nas fronteiras alemãs tenham o direito de recusar a entrada de refugiados sem documentos de identidade ou que já estejam registrados em outros países da União Europeia (UE). Ele também quer impedir o retorno ao país de migrantes cujos pedidos de refúgio tenham sido recusados.
Merkel, por sua vez, se recusa a aceitar os planos de seu ministro, pois teme que Bruxelas enxergue a medida como um ato unilateral da Alemanha e porque poderia piorar a situação de países como Itália e Grécia, já sobrecarregados.