O cientista chinês He Jiankui foi visto pela primeira vez desde que desapareceu no final de novembro passado, depois de anunciar a criação da primeira modificação genética de bebês.
Aparentemente, Jiankui está na casa de hóspedes para professores visitantes no campus da Universidade do Sul de Ciência e Tecnologia em Shenzhen (Canton, China), uma instituição onde era professor associado, de acordo com o New York Times.
Anteriormente, o centro educacional negou que tivesse detido seu ex-funcionário no campus, como já sugeriram alguns meios de comunicação, assegurando que essa informação não passava de especulação.
Os rumores sobre o paradeiro do médico surgiram depois de, na semana passada, ter sido filmado andando em uma varanda cercada por tela de arame e conversando com uma mulher, aparentemente sua esposa, que carregava um bebê nos braços.
Segundo o jornal, a área é vigiada por uma “dúzia de homens não identificados” vestidos em trajes civis. A mídia não conseguiu descobrir em que departamento estavam.
No último sábado, os funcionários da instituição receberam uma mensagem, notificando-os da proibição de falar com a mídia sobre qualquer informação relacionada à modificação genética de bebês. Tanto a escola como a polícia não forneceram nenhuma informação e não responderam aos pedidos de comentários.
O cientista não é visto desde a conferência sobre genética em Hong Kong, onde apresentou as primeiras explicações públicas sobre sua investigação, depois de ter revelado em um vídeo no YouTube que tinha criado os dois primeiros bebês geneticamente modificados.
Jiankui revelou como deu origem a duas gémeas resistentes ao HIV, desativando um gene que codifica uma proteína que permite que o vírus entre nas células, salientando que se encontram em um estado “normal e saudável”.
Na mesma conferência, também acrescentou que há um terceiro bebê que pode nascer igualmente alvo de embriões geneticamente modificados.
O anúncio de Jiankui originou grande polêmica em todo o mundo, e já há quem lhe chame o “Frankenstein chinês”. Ele tem sido arduamente criticado pela comunidade científica que considera que passou uma barreira ética inaceitável.
Depois de ter recebido milhões de euros de fundos públicos chineses para pesquisa, o jovem cientista parece ter se tornado persona non grata, sendo investigado pela universidade onde trabalha e pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia da China.
Ciberia // ZAP